Discriminação de amostras de Cannabis Sativa L. por complexação com Fast Blue B e espectroscopia no UV-Vis

Abstract

O crescente uso de drogas de abuso vem se tornando um problema para a sociedade brasileira, sendo a maconha uma das mais utilizadas. A maconha, cujo nome científico é Cannabis sativa L., é uma planta que contém dezenas de fitocanabinoides, dentre os quais se destaca o Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), um fitocanabinoide que possui efeitos psicoativos, é controlado, juntamente com a maconha, pela Portaria 344/98-SVS/MS.. Ao longo dos anos, alguns métodos presuntivos foram propostos para identificação da maconha, entre eles, o teste colorimétrico utilizando o sal Fast Blue B (FBBS) é um dos mais amplamente utilizados pelos laboratórios forenses no Brasil e no mundo. Consiste em um teste rápido no qual os fitocanabinoides presentes na maconha são extraídos por um solvente orgânico e reagem com o sal FBB em meio básico gerando um complexo de cor vermelhapúrpura com afinidade pela fase orgânica. O presente trabalho teve como proposta aperfeiçoar este método de triagem, utilizando a espectroscopia UV-vis e ferramenta quimiométrica visando a discriminação de amostras de maconha de outros vegetais. A análise de componentes principais (PCA) foi utilizada para análise exploratória de dados e em seguida para discriminar as amostras de acordo com suas características espectrais. A necessidade principal do aperfeiçoamento do método é a redução de resultados falso positivos observados para alguns vegetais e materiais contendo compostos que desenvolvem um complexo de cor semelhante à do FBBS-fitocanabinoides quando submetidos ao teste colorimétrico. Diferentes apresentações de maconha e seus produtos (haxixe, prensado e planta verde) e diversos outros vegetais e materiais foram submetidos ao método proposto totalizando 497 amostras testadas. Foi feita a aquisição do espectro UV-Vis de cada amostra e dois tratamentos dos dados utilizando a PCA. A primeira abordagem foi exploratória, onde pode-se perceber um relevante agrupamento dos outros vegetais e materiais e também leves aglomerados entre as diferentes apresentações de maconha. Na segunda abordagem foi criado um modelo utilizando os parâmetros da PCA para uma análise discriminatória. Nesta abordagem, a análise de dois dos parâmetros gerou um excelente resultado: taxa de falso negativo de apenas 3,3% e nenhuma amostra classificada erroneamente como maconha.