Efeito colateral que o seu sistema fez : o rap como propulsor de uma subjetividade antirracista

Abstract

Este trabalho tem como objetivo entender o papel do rap como uma ferramenta políticocultural de conscientização da juventude negra brasileira a respeito da categoria racial como estruturante da nossa realidade. Para isso realizo uma investigação ancorada no álbum Sobrevivendo no inferno, dos Racionais MC’s, lançado em 1997. A escolha do álbum se deu por sua relevância teórico-artística, isto é, a forma como sua estética está intrinsecamente relacionada ao seu conteúdo, fornecendo assim uma fonte crítica de interpretação da realidade racial brasileira. O fato de a narrativa tematizar o cotidiano da periferia, a partir de uma perspectiva de quem a vive, é fator central na ponte entre a mensagem e o público alvo. Percorrendo a violência estatal, os estigmas da juventude negra e o mito da democracia racial, esta pesquisa busca sustentar a relevância da obra dos Racionais MC’s enquanto possibilitadora de subjetividades antirracistas.