O projeto de revitalização Viva Centro! e os desdobramentos para a população de rua do Setor Comercial Sul em Brasília

Abstract

Esta monografia tem como objetivo analisar os processos de intervenção urbana no Setor Comercial Sul, em Brasília, e como eles afetam a realidade da população de rua que habita esse território. Para chegar de fato ao projeto de revitalização, faz uma breve análise do desenvolvimento das cidades industriais e como os fenômenos sociais da pobreza e da população de rua se tornaram de massa com o advento do modo de produção capitalista. Após compreender essas questões, traz a história de Brasília; a capital foi estrategicamente planejada a partir de preceitos das cidades modernistas e buscava não apresentar as mesmas problemáticas das outras cidades brasileiras. Essa visão moderna e de oportunidades que Brasília carregou desde a sua origem contribuiu com um fluxo migratório muito grande nos anos 60, o que não era esperado pelo governo visto que a cidade foi planejada para ter em torno de 500 mil habitantes. Hoje, a capital já conta com uma população de mais de 3 milhões de habitantes e não pode se livrar dos problemas sociais; muito pelo contrário, atualmente é a cidade brasileira com um dos maiores índices de desigualdade social. Após compreender o contexto social e urbano de Brasília, traz uma análise da sua população de rua, com pesquisas realizadas nos anos de 1996 e 2005, que mostram a realidade de famílias que moram nos conhecidos cerradões. Após compreender a realidade dessas famílias, pode-se corroborar com a hipótese que a população de rua do SCS é peculiar quando comparada às outras populações que habitam a região central do Plano Piloto. Por fim, após compreender essas questões, faz uma análise dos projetos de revitalização que vem ganhando força no SCS, dentre iniciativas privadas e governamentais, com destaque ao projeto de lei VIVA CENTRO! que tem como objetivo uma intervenção urbana. No entanto, esses processos de revitalização possuem como consequência o fenômeno conhecido como gentrificação, que resulta na expulsão, direta ou indireta, dos antigos moradores das regiões revitalizadas, e no caso do SCS, da população de rua, que devido a mudanças estruturais não são mais bem vindos a estabelecerem seus modos de vida, além de ações diretas de órgãos governamentais de retirada de seus pertences, que vem se tornando cada vez mais comuns após as intervenções urbanas que vem acontecendo no território.