O debate racial na formação em Serviço Social na Universidade de Brasília

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo compreender como o debate racial está inserido na formação dos/as estudantes de Serviço Social, por meio da análise das Diretrizes Gerais para o curso de Serviço Social e dos Projetos Políticos Pedagógicos do Currículo de Serviço Social da Universidade de Brasília – UnB. Como objetivos específicos foi determinada a necessidade de verificar a construção das discussões étnico raciais no Brasil e no Serviço Social brasileiro. Além da análise da presença ou ausência do debate racial nas discussões sobre a atualização e revisão curricular do curso de Serviço Social da UnB (SER/UnB). Para realizar a análise, foi utilizado o método de pesquisa documental sob a base de autores negros contemporâneos. A construção do trabalho perpassou pela análise do período escravista e pela resistência da população negra, que construiu o movimento negro. Pelo estudo da construção do mito da democracia racial e as particularidades vivenciadas pelas mulheres negras, bem como pela importância da interseccionalidade. As relações do racismo estrutural e institucional com a universidade e suas consequências para a perpetuação do racismo. No que tange o Serviço Social, foi observado como a questão racial está inserida em momentos marcantes para a categoria, além dos impactos de sua ausência para a formação e atuação profissional. Por fim, foi feita uma análise nos Projetos Pedagógicos do curso de Serviço Social da UnB, a fim de compreender o formato do debate racial e em quais disciplinas. Como resultado foi observado que as próprias Diretrizes Curriculares que guiam a construção da formação acadêmica em Serviço Social não trazem como aspectos centrais na construção das relações sociais os aspectos de raça e gênero. Isso reflete na construção dos PPCs da UnB, que contêm apenas uma disciplina optativa e no fim do curso com enfoque nas dimensões raciais e de gênero, o que comprova a pouca inserção desse debate no SER/UnB. Além da baixa transversalidade dos estudos étnico-raciais, o que compromete a formação dos/as estudantes na compreensão estrutural das desigualdades, compostas pelo sistema racista-patriarcal-capitalista.