Mudança na biomassa acima do solo e no estoque de carbono da vegetação arbustivo-arbórea em cerrado rupestre no período de 18 anos

Abstract

Os ecossistemas naturais possuem papel importante no processo de estocagem de biomassa vegetal e de carbono. Devido à heterogeneidade de paisagens e da estrutura da vegetação no Cerrado, monitorar esses estoques não é simples, mas é de extrema relevância, diante das crescentes taxas de desmatamento. Portanto, entender como a vegetação desse bioma se comporta ao longo do tempo, diante da interferência antrópica, é importante para criar estratégias de conservação. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a dinâmica da vegetação arbustivo-arbórea baseado na área basal, biomassa acima do solo e no estoque de carbono, no período de 18 anos de monitoramento de uma área de Cerrado Rupestre localizada no Parque Estadual dos Pirineus, Goiás. A vegetação foi monitorada em 10 parcelas permanentes, de 20 x 50 m (1000 m2). Os indivíduos sobreviventes foram remedidos e analisados os recrutas com diâmetro maior ou igual a 5 cm, medido a 30cm do solo (Db30cm ≥ 5 cm). Em 2004 foram amostrados 614 indivíduos, totalizando 5,04 m2.ha-1 de área basal, e 13.183 kg.ha-1 de biomassa, sendo o estoque de carbono de 3.141,10 kg.ha-1. Já em 2022 foram amostrados 547 indivíduos, totalizando 4,50 m2.ha-1 de área basal. O estoque de biomassa foi de 12.409 kg.ha-1, e o acúmulo do estoque de carbono foi de 3.004,61 kg.ha-1. Em 18 anos, as taxas de mortalidade de área basal e perda de biomassa acima do solo foram maiores que às taxas de ganho, porém apresentaram dinâmica acelerada (taxa de reposição de 7,69% quanto a área basal e 7,43% para biomassa). A diminuição tanto do número de indivíduos, área basal, biomassa acima do solo e do estoque de carbono, é reflexo dos distúrbios recorrentes que ocorrem na área, como o fogo e a presença de bovinos e cavalos. Assim, as políticas de conservação devem conduzir ações para ambientes rupestres, em razão da sua vulnerabilidade diante dos distúrbios antrópicos e das mudanças climáticas. Com relação ao PEP, em especial, é recomendado o manejo do fogo, bem como o controle e fiscalização na entrada de bovinos e cavalos no Parque.