Dinâmica do aporte de serapilheira em cerrado sentido restrito com diferentes substratos

Abstract

A ciclagem de nutrientes é o processo de transferência de minerais entre as plantas e o solo, e vice-versa. Este processo influencia diretamente na disponibilidade dos nutrientes para o desenvolvimento da vegetação, sendo, portanto, importante regulador da estabilidade dos ecossistemas. O Cerrado sentido restrito (CSR), a principal fitofisionomia do bioma Cerrado, ocorre em solos ácidos e distróficos, com baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas, o que evidencia a importância da ciclagem de nutrientes para manutenção da vegetação. O CSR é dividido em quatro subtipos fitofisionômicos que se diferenciam pela densidade da vegetação e o tipo de substrato em que ocorrem. O Cerrado Rupestre (CR), subtipo que ocorre em ambiente com solo raso e afloramentos rochosos, é uma das fitofisionomias menos estudadas e mais sensíveis do CSR, ainda que apresente vegetação similar aos ambientes de menor restrição, como o Cerrado Típico (CT). O presente estudo objetivou comparar o aporte de serapilheira total e por frações (folhas, galhos, partes reprodutivas e outros) nos ambientes CR e CT a fim de compreender se a variação interanual e a sazonalidade climática intra-anual atuam de forma diferenciada nos dois subtipos de CSR. Foi mensurado o aporte mensal de serapilheira, no período de dezembro de 2020 a novembro de 2022, em 20 coletores de 0,25m2 para cada ambiente, amostrados no Parque Estadual dos Pireneus, Goiás. O CT apresentou maior aporte anual de serapilheira que o CR, porém apenas em 2021 a diferença foi significativa (p = 0,044). O maior aporte ocorreu no período seco em ambos ambientes e nos dois anos, porém só diferiu significativamente entre CT e CR em 2021 (p = 0,024). A fração folha foi a que mais contribuiu no total aportado para os dois ambientes, em ambos os anos e ambas as estações, seguida das frações Reprodutivo, Galhos e Outros. Porém, apenas em 2021 as frações diferiram entre CR e CT. Não foi possível concluir que a diferença no tipo de substrato é o fator que determina a dinâmica da ciclagem de nutrientes entre CR e CT.