Telecentro como inovação democrática : análise tecnopolítica do telecentro da Viver na promoção da inclusão digital

Abstract

Da globalização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) surge uma nova forma de exclusão, a digital, pautada na desigualdade de acesso à internet, a aparatos materiais de tecnologia ou conhecimento específico para o pleno aproveitamento dos recursos tecnológicos. Esse cenário começa a ser reconhecido no Brasil a partir do final do século XX, dando importância à estruturação de políticas públicas e programas sociais como os telecentros que viabilizem a inclusão digital. Contudo, os dados coletados demonstram um recuo do governo nessa temática para atuar como agente secundário a partir da mobilização de recursos, extinguindo telecentros instalados sob sua responsabilidade. Em busca de dar visibilidade à importância dos telecentros para a promoção da inclusão digital, este trabalho se subdivide em 6 capítulos tentando identificar a partir da abordagem tecnopolítica de avaliação de instrumentos de ação pública (FREITAS, SAMPAIO, AVELINO, 2022), quais fatores promoveram e quais dificultaram a implementação das atividades do Telecentro da Viver como inovação democrática na promoção da inclusão digital e redução da desigualdade de acesso às TICs. Para tal, foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória, e como resultados obteve-se de modo conclusivo que a atuação das instituições do terceiro setor1 no combate à exclusão digital oferece oportunidades para as comunidades em situação de vulnerabilidade e risco social, a partir de suporte às famílias, refúgio para as crianças e adolescentes, e espaços seguros para desenvolvimento interpessoal. E no que diz respeito à temática digital, o telecentro analisado passa aos usuários conhecimentos introdutórios de informática, incluindo os adolescentes que buscam o primeiro emprego, e ofertando atividades que no segundo setor custam muito. Cabe destacar que não é desejável que as conclusões aqui apresentadas sejam terminativas, acredita-se que há muito para discutir sobre instituições do terceiro setor como inovações democráticas à inclusão digital.