Resumo: | No Brasil, durante o ano de 2020, 77.23% das vítimas de homicídio eram negras.
Quando a população considerada ´e a de jovens, de 15 a 29 anos, esse número sobe para
81.28%. Esse trabalho busca, por meio da implementação de um Modelo Linear Generalizado, evidencias estatísticas que caracterizem a desigualdade racial e que se expressam
na violência juvenil. A partir dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM)
do Ministério da Saúde, análises descritivas dos dados de mortalidade, por todas as causas foram feitas, para o ano de 2020. Seguindo a Classificação Internacional de Doenças
(CID-10), as mortes por homicídio, de pessoas de todas as faixas etárias, e dos jovens, separadamente, também foram objeto da análise descritiva. Foram ajustados aos dados de
contagem dos números de homicídios de jovens (15 a 29 anos), Modelos Lineares Generalizados (MLGs), a fim de definir aquele que melhor se comporta, e estimar os parâmetros
que estipulam a relação entre Raça/Cor e esses números de assassinatos. Os dados são
provenientes do SIM, do Ministério da Saúde. Na modelagem, foram consideradas características sociodemográficas das vítimas, em especial, a raça/cor. Na modelagem, foram
consideradas características sociodemográficas das vítimas, em especial, a raça/cor.
Os dados de homicídio, tem o comportamento de dados de contagem, por se tratar
do número de ocorrências. Assume valores inteiros não negativos. Alguns modelos foram
implementados, e seus resultados comparados, com o objetivo de definir um modelo final,
que melhor se ajusta aos dados. O modelo de Poisson teve o fenômeno de sobredispersão
quando não consideradas as interações. O modelo Binomial Negativo foi a alternativa
escolhida para contornar esse problema. Mas quando as interações entraram no modelo,
a estimativa do parâmetro de dispersão foi de um número muito grande. Convergindo
então, assintoticamente, para a distribuição de Poisson. O modelo toma como referencia,
indivíduos da Raça/Cor Branca, com menos de 8 anos de estudo, da Região Norte e Sexo
Feminino.
Os resultados apontam para diferença significativa na contagem de mortos por
homicídio, tendo um aumento para pessoas negras, quando comparado com a população
branca. Esse aumento foi multiplicativo de 11.02 vezes, se comparada a população branca.
O incremento pode ser ainda maior, também como consequência racial, uma vez que
interações entre Raça/Cor e outras variáveis também se mostraram significativas. O
valor do parâmetro referente a interação entre Raça/Cor e Sexo, indica que o impacto da
Raça/Cor na contagem de homicídios ´e maior para indivíduos do sexo masculino. E o sexo
masculino, individualmente, também aponta para um impacto positivo, com o incremento
multiplicativo de 15.36. Ou seja, jovens negros do sexo masculino tem um valor predito
216.45 vezes, ou 21645% maior do que o valor de referencia. Existe uma concentração
de homicídios de negros, com menos de 8 anos de estudo, da região Nordeste e do sexo
masculino. Resultados na análise descritiva indicam esse comportamento, que foi melhor
investigado na modelagem dos dados.
A partir da interpretação dos parâmetros estimados no modelo final, conclui-se que a Raça/Cor tem interferência no número de homicídios de jovens de 15 a 29
anos, sendo maior o valor esperado de assassinatos de pessoas negras. Isto é, associação
entre pertencer a Raça/Cor dos pretos e pardos e o número de mortes, se mostrou estatisticamente significante. |