Isótopos estáveis de carbono e a relação solo-planta no Pantanal Mato-grossense

Abstract

A assinatura isotópica de carbono é uma ferramenta de análise ambiental utilizada para identificação de mudanças da paisagem. O Pantanal é a maior planície alagável do mundo, onde os padrões de inundação são influência para a formação dos solos, cobertura da vegetação e processos relacionados ao ciclo do carbono como a dinâmica da matéria orgânica. A diminuição dessas áreas alagadas é um fator que contribui para o ressecamento do solo e estresse hídrico por parte da vegetação, portanto o objetivo deste trabalho é analisar a relação solo-vegetação do Pantanal Mato-grossense a partir de isótopos estáveis de carbono, comparar as regiões norte e sul, e avaliar a suscetibilidade ao estresse hídrico da vegetação. Para isso foram escolhidas quatro sub-regiões de análise de solo e material foliar no Pantanal: Transição do Pantanal Norte-Cerrado (T-PAN) e Pantanal Norte (PAN), no município de Poconé, Pantanal Sul (PS) e Transição do Pantanal Sul- Cerrado (T-PS) no município de Aquidauana. Os solos resultaram em textura média para T-PAN, argilosa para PAN, arenosa para PS e T-PS. A razão C/N dos solos resultou em valores com pouca variação, e no material foliar, a razão C/N indicou que a matéria orgânica de PAN como a mais suscetível para decomposição. Os atributos químicos indicam que no geral os solos estudados são pouco férteis, PAN apresentou melhores resultados em relação com as outras sub-regiões, devido a boa disponibilidade de potássio, cálcio, magnésio e capacidade de troca catiônica. A comparação entre a assinatura isotópica dos solos e vegetação demonstrou que o Pantanal Norte (T-PAN e PAN) possui no geral valores mais negativos que o Pantanal Sul (PS e T-PS), mesmo assim, a via fotossintética C3 tem forte presença em todas as sub-regiões. Por conta disso, em um contexto de mudanças climáticas mais intensas, as sub-regiões PS e T-PS são as mais suscetíveis ao estresse hídrico prolongado, e comprometimento do desenvolvimento de espécies arbóreas, que ocasiona o favorecimento das plantas C4, e o processo de mudança na composição da vegetação.