Antígona : um outro olhar sobre o mito

Abstract

O objetivo deste ensaio é abordar alguns tópicos do mito Antígona, a imortal personagem de Sófocles, fugindo um pouco da face mais conhecida da jovem heroína, que são as questões de direito natural e leis escritas. Buscarei na Poética de Aristóteles mostrar como o gênero trágico contribuiu para a percepção do ser sobre si por meio da apresentação das peças trágicas e de que forma acontece essa percepção, já que segundo o filósofo, este contato facilitaria a “catarse” do espectador diante destes espetáculos. Veremos também como a estrutura trágica da obra abraça os costumes gregos à época e ressaltam os ritos fúnebres e sua importância diante da morte dos guerreiros gregos; a partir das considerações de Jean Pierre Vernant, buscarei mostrar a necessidade do sepultamento adequado na Grécia antiga e de que forma os antigos gregos viam através do sepultamento a salvaguarda da alma do recém morto. Outro ponto importante que abordarei é a magnitude da tragédia que recai sobre o destino de Antígona, que me despertou imensa curiosidade para buscar as origens desta na maldição dos seus antepassados. Diante disto me perguntei: “Teria Antígona um outro destino possível? A maldição lançada sobre sua família teria alcançado a mente da jovem de forma tão contundente? Quais os motivos que levaram Antígona a decidir ceifar a própria vida de uma forma tão assertiva?” Destacarei ainda alguns costumes da vida e das obrigações sociais de uma mulher àquela época, buscando pensar se haveria ou não a possibilidade de um desfecho diverso do escrito por Sófocles, levando em conta principalmente o comportamento dos dois personagens principais da obra: Antígona e Creonte.