Avaliação da capacidade fagocitária de indivíduos com feridas crônicas

Abstract

Introdução: Na fase inflamatória, uma das etapas da cicatrização de feridas, ocorre o processo de fagocitose, responsável pelo recrutamento de células inflamatórias, como os monócitos, cuja função é a de fagocitose de microrganismos e materiais estranhos. As opsoninas e os padrões moleculares de patógenos (PMPs), fazem parte do Sistema Imune Inato necessárias para a fagocitose. Com isso, podemos destacar a Fibrina Leucoplaquetária Autóloga (FLA), matriz biológica, caracterizada por ser um concentrado de plaquetas, leucócitos e fatores de crescimento. Portanto, este estudo tem como objetivo avaliar a capacidade fagocitária de monócitos obtidos de indivíduos portadores de feridas crônicas no início do tratamento com a FLA. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico aberto, randomizado, em paralelo, com a finalidade de determinar a capacidade fagocitária de monócitos dos grupos de indivíduos randomizados para os indivíduos saudáveis e indivíduos portadores de feridas crônicas, em tratamento convencional ou em tratamento com a FLA. As amostras foram obtidas por meio de coleta de sangue no serviço de estomaterapia. As células do sangue foram obtidas através do método da aderência em lâmina de vidro, posteriormente analisadas por um único observador em microscópio. Resultados: De forma randomizada, participaram do estudo 21 indivíduos, sendo 7 do grupo controle (sadios), 7 do grupo tratamento convencional de feridas e 7 do grupo tratamento com a FLA. Nos dois grupos de participantes com feridas crônicas, houve 93% de prevalência de pelo menos uma comorbidade ou outra condição clínica. Os resultados indicam que os parâmetros fagocitários aumentaram quando a fagocitose ocorreu por meio de opsoninas, pois houve aumento no percentual de monócitos envolvidos na fagocitose de forma global. Os parâmetros fagocitários se mostraram semelhantes entre grupo convencional e FLA por PMPs. No caso das opsoninas, o grupo tratado com a FLA demonstrou diferenças sutis, com mais macrófagos recrutados e menores valores de leveduras ingeridas e índice fagocitário em comparação ao grupo convencional. Conclusão: Foi possível perceber a diferença entre indivíduos saudáveis e indivíduos com feridas e comorbidades quanto a capacidade fagocitária dos monócitos, o que justifica a lenta reparação tecidual desses indivíduos com feridas crônicas, demonstrado também por outros autores.