Educação em saúde no manejo das crianças portadoras de Diabetes Mellitus tipo 1

Abstract

Introdução: Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica que causa deficiência de insulina. A DM1, quando diagnosticada na infância, resulta em diversas mudanças no cotidiano familiar e no desenvolvimento da criança, que pode acarretar na requisição de suporte social e cuidados específicos por profissionais de saúde e familiares. Neste cenário, a educação em saúde torna-se uma estratégia fundamental no manejo desta doença crônica. Deste modo, é indispensável que os profissionais de saúde compreendam o contexto social que os pacientes estão inseridos para possibilitar o planejamento de um cuidado efetivo para que ocorra adesão das prescrições por parte dos cuidadores no manejo da criança com DM1 no domicilio. Sendo assim, o estudo teve como objetivo identificar o conhecimento adquirido pelos cuidadores de crianças portadoras de DM1 nas consultas/atividades de educação em saúde e seu impacto na assistência domiciliar, bem como discutir o papel da equipe multiprofissional na transmissão destes conhecimentos. Metodologia: Estudo descritivo de abordagem qualitativa realizado de forma remota com os acompanhantes das crianças/adolescentes que fazem acompanhamento em um ambulatório especializado em endocrinologia de um Hospital Universitário do Distrito Federal, que atende crianças portadoras de DM1. Para a coleta dos dados, foi utilizado um formulário de caracterização dos participantes e feita uma entrevista não diretiva individual. Os principais temas que subsidiaram as entrevistas foram: informações transmitidas pelos profissionais em relação ao manejo da DM1; o entendimento do cuidador quanto à hipoglicemia e hiperglicemia; informações sobre a doença em geral; mudanças nos hábitos diários após o diagnóstico e alimentação diária. A coleta de dados foi realizada por meio de contato telefônico e por vídeo conferência. Para o tratamento dos dados, foi utilizada a técnica de análise temática proposta por Minayo que consiste em descobrir os núcleos de sentido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Brasília (UnB), CAAE nº 40994920.7.0000.0030. Resultados e Discussão: Participaram do estudo cinco cuidadoras, sendo todas mães, com a faixa etária de 39 a 47 anos. A faixa etária das crianças portadoras de DM1 foi de 8 a 16 anos. E a respeito do tempo de diagnóstico da doença, variou de 4 a 10 anos. A partir das entrevistas foram detectadas três unidades temáticas: conhecimentos adquiridos pelos cuidadores de criança com Diabetes Mellitus tipo 1; entendimento sobre o tratamento medicamentoso e a importância da Equipe multiprofissional no aprendizado e manejo do DM1. As falas variaram de acordo com a experiência de cada participante. Sendo a amostra delimitada pela saturação de dados. Conclusão: O estudo revelou um nível de conhecimento adequado dos participantes sobre a doença e o seu tratamento. Os cuidadores valorizaram as orientações recebidas pela equipe, que foram fundamentais para a aquisição dos conhecimentos adquiridos e estão satisfeitos com o atendimento no ambulatório, apesar da equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, psicólogo e nutricionista) não estar completa, devido ao déficit do nutricionista, profissional fundamental para adequação da dieta. Portanto, considerar o conhecimento, as dificuldades e as necessidades do individuo relacionados à doença é fundamental para atuação efetiva dos profissionais no processo de educação em saúde, visando instrumentalizar o cuidador para a adesão eficaz do tratamento da criança com DM1.