Resumo: | Levando em consideração que o mito é “uma realidade complexa cultural extremamente
complexa, que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas e
complementares” (ELIADE, 2007 p.11), este trabalho tem como objetivo discutir como mitos
imorredouros de Orfeu e de Jesus Cristo dialogam no conto A hora e vez de Augusto Matraga,
presente na antologia Sagarana, publicado pela primeira vez em 1946; analisando como os mitos
metamorfoseiam-se e são referenciados e repaginados no conto rosiano, no qual o personagem
Augusto Matraga, um pusilânime, sem amor nem por sua própria mulher e filha, desce a um
estado de quase morte, como Orfeu, e a partir daí adquire um novo sentido de viver
inspirando-se em Jesus, e como, futuramente, a sua morte ao salvar uma família de uma decisão
injusta e arbitrária, representa a morte do próprio Jesus Cristo. A morte de Augusto e de Jesus
sendo eixos de salvação da morte para o(s) próximo(s).
Dividi o trabalho em três capítulos, o primeiro capítulo aprofunda as histórias dos mitos
de Orfeu e de Jesus Cristo, discorrendo sobre o processo de descida ao inferno, submundo,
mundo dos mortos das personagens, processo que Augusto Matraga também enfrenta. No
Segundo capítulo do trabalho, analisarei sobre como a religião, constituída de mitos, é elemento
crucial na vida do personagem rosiano. No terceiro capítulo e último capítulo, há a máxima
aproximação de Augusto Matraga com o mito irradiador de Jesus Cristo, onde os sparagmos dos
personagens propiciam a salvação de um povo. |