O uso da cartografia na atenção primária à saúde entre os anos de 2001 a 2021 : uma revisão sistemática da literatura

Abstract

A cartografia, enquanto ciência e área da Geografia, há tempo considerável evidencia sua contribuição em variados setores da saúde, com mapeamentos capazes de cooperar com as atividades dessa esfera e, ainda, na tomada de decisão em termos de gestão. A literatura científica pode propiciar propostas metodológicas específicas e um retrato das potencialidades de uso das ferramentas cartográficas para a saúde. Assim, buscou-se identificar a finalidade para a qual a cartografia tem sido utilizada no âmbito específico da Atenção Primária à Saúde (APS), a partir da realização de revisão bibliográfica sistemática. Para tal, foram selecionados estudos envolvendo diretamente tal temática a partir de critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. Os artigos selecionados foram lidos e analisados na íntegra, originando uma tabela síntese organizada de acordo com os fatores observados em cada um dos estudos, a saber: autores, ano, instituição de pesquisa, escala de estudo, localidade, a finalidade do uso da cartografia, os programas e técnicas aplicados, e as potencialidades e obstáculos relatados. Observou-se que a quantidade de estudos associando a cartografia à APS aumentou nos últimos anos dentre o intervalo de 2001 a 2021. A maior finalidade identificada alinha-se com a execução de análises espaciais para compreender a dinâmica de doenças em um determinado espaço. Os programas computacionais mais utilizados para a produção dos estudos foram Google Earth, ArcGIS e QGIS, e o método mais empregado foi o georreferenciamento. Já os obstáculos identificados foram separados em quatro grupos distintos, são eles: insuficiência técnica, insuficiência tecnológica, insuficiência financeira e insuficiência de dados. Por fim, conclui-se que há utilidades específicas da cartografia as quais podem ser benéficas para o desenvolvimento das ações da APS, porém percebe-se uma carência de estudos que subsidiem tal uso. Dessa maneira, pode-se considerar a Geografia da Saúde, junto aos seus estudos que incluem a temática da cartografia na saúde, como potencial para expandir a discussão e promover perspectivas de soluções viáveis aos obstáculos relatados em produções científicas no decorrer das últimas duas décadas. Percebe-se que há possibilidades de propor soluções para superação desses entraves, de modo a inserir a cartografia e os recursos de geoprocessamento nas ações da APS, podendo subsidiar o aumento da capacidade de resposta diante das situações de saúde específicas e, ainda, podendo contribuir para uma melhoria na gestão e, por conseguinte, melhor qualidade de serviço aos usuários do SUS.