Candomblé e eco espiritualidade : convergências entre o sagrado e a natureza

Abstract

Questões culturais e religiosas podem influenciar diretamente na relação do ser humano com a Natureza. Podemos falar de religiões afro-brasileiras assim como o Candomblé, que foi fundamentada entre os anos de 1788 a 1830,por três mulheres: Iyá Detá, Iyá Kalá, Iyá Nassô, juntamente com os babalawos Babá Assiká e Bangboshê Obitikô. Foi daí que surgiu um dos primeiros Terreiros de Candomblé na Bahia, o Ilê Asé Airá Intilé ou como ficou muito conhecido, Candomblé da Barroquinha, que localizava-se em Salvador. Do Ilê Asé Airá Intil é, surgiram três Casas: Casa Branca do Engenho Velho, Gantois e Ilê Axé Opô Afonjá, as quais existem até os dias de hoje. O Candomblé é uma religião de resistência e que possui uma relação direta com a Natureza, por cultuar os Orixás, que são entendidos como manifestações da Natureza. Considerando que o Orixá é vivo, por ser presente no meio natural, e que a sua preservação é muito importante para os praticantes e adeptos da religião, o presente trabalho analisou se o Candomblé pode ser uma religião que tem uma visão natural e intrinsecamente ecológica, que respeita e cuida do meio natural, por conta de sua relação com os Orixás. A problemática da pesquisa gira em torno da análise do Candomblé pela perspectiva conceitual da eco espiritualidade. O trabalho foi realizado através de visitas a quatro Casas de Candomblé, que se localizam no Distrito Federal: Ilê Axé Oxum Opô Oyá Onira, Ilê Odé Axé Opô Inle, Ilê Afonjá Axé Opô Inle e o Ilê Axé Omo Omi Didara; foram realizadas entrevistas durante os meses de outubro de 2019 a agosto de 2020. Identificou-se como essa relação acontece dentro das Casas de Candomblé; como os Pai e as Mães de Santo conduzem a temática da relação entre o Sagrado, a Natureza e o Feminino para os Filhos de Santo, e como esse assunto é tratado e praticado de fato.