Bioacessibilidade de compostos fenólicos em diferentes partes botânicas de Passiflora spp. e seus produtos processados : uma revisão sistemática

Abstract

Frutos e folhas de plantas do gênero Passiflora vem recebendo atenção pela sua composição de compostos fenólicos, metabólitos secundários vegetais cujo consumo vem sendo associado à redução risco de desenvolvimento de diversas doenças crônicas por seu potencial antioxidante e anti-inflamatório. Porém, para que esses compostos ingeridos em produtos alimentícios ou em diferentes preparações de partes botânicas das plantas possam exercer seus efeitos à saúde, eles precisam estar primeiramente bioacessíveis. Desse modo, desenvolveu-se uma revisão sistemática sobre a bioacessibilidade in vitro de compostos fenólicos em diferentes partes botânicas de Passiflora spp. e seus produtos processados. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nos seguintes bancos de dados eletrônicos: Pubmed; Scopus; Springerlink; Web of Science; Science Direct; Wiley Online Library e ProQuest, a partir de protocolo com estratégia de busca previamente estruturada, sendo extraídos 819 artigos científicos. A inclusão se deu a partir de critérios de elegibilidade, e após seleção e avaliação, cinco artigos foram incluídos na revisão sistemática. Nestes diferentes estudos apenas uma espécie do gênero Passiflora foi investigada (P. edulis) e as amostras compreenderam sucos de polpa de maracujá, extratos de casca e folhas, além de folhas fervidas e desidratadas. Dependendo do artigo, foi avaliada a bioacessibilidade in vitro de compostos fenólicos individuais, de classes (flavonoides totais e antocianinas totais) e/ou de polifenóis totais, utilizando diferentes protocolos de digestão in vitro e métodos analíticos (identificação e quantificação). No geral, o perfil de compostos fenólicos foi alterado após a digestão in vitro e a bioacessibilidade dos compostos fenólicos totais foi consideravelmente reduzida, variando de 6% em suco concentrado da polpa a 26% em folhas desidratadas, respectivamente. Em relação aos compostos fenólicos individuais, percentuais de bioacessibilidade muito diferentes foram encontrados, na faixa de 0% para quercetina a 2.807% para ácido clorogênico nos diferentes estudos. Essas variações de perfil da fração bioacessível comparada com a amostra não-digerida e de bioacessibilidade entre os diferentes compostos está relacionada à degradação e às diferentes reações como hidrólise ou isomerização que eles podem sofrer durante o processo de digestão. Além disso, muitas variáveis podem ter contribuído para as diferenças de bioacessibilidade de compostos fenólicos entre os diferentes estudos como o tipo de amostra, incluindo a parte da planta utilizada e o processamento, e a estrutura do composto fenólico, além de diferenças nos métodos de digestão in vitro e de análise da fração bioacessível e na apresentação destes dados, que dificultam a sua comparação.