Estilos parentais em relação à alimentação de crianças entre 6 e 12 meses e seus fatores associados

Abstract

Introdução: O ambiente alimentar oferecido pela família e vivenciado pela criança irá influenciar fortemente seus padrões alimentares ao longo da vida, sendo recomendadas práticas alimentares responsivas. Contudo, ainda há poucos estudos avaliando quais são os fatores associados aos estilos parentais responsivos e não responsivos, sobretudo no Brasil. Objetivo: Avaliar os fatores associados aos estilos parentais em relação à alimentação de crianças entre 6 e 12 meses. Método: Estudo transversal com 474 pares de mães e crianças. Foi aplicado questionário para as mães que avaliava dados sociodemográficos, características da gestação, aleitamento materno e uso de mamadeira, depressão (Inventário de Depressão Beck II) e ansiedade materna (Inventário de Ansiedade Traço-Estado). Para avaliação dos quatro estilos parentais utilizou-se o Infant Feeding Style Questionnaire. Os estilos são avaliados através de seus subconstrutos: Estilo Laissez-faire (LF), subconstrutos Atenção e Qualidade; Estilo Pressionador (PR), subconstrutos Cereais, Acalmando e Término; Estilo Restritivo (RS), subconstrutos Quantidade e Qualidade; e Estilo Responsivo (RP), subconstrutos Saciedade e Atenção. Foram realizadas análises descritivas e para avaliação das associações foi utilizada regressão linear múltipla com estimativa do coeficiente de regressão (beta) e seu intervalo de confiança de 95%, pelo método backwad automatizado com seleção de variáveis com p<0,20. O nível de significância utilizado para todos os testes foi de 5% e utilizado o software STATA® (versão 12.0; STATA Corporation, College Station, TX). Resultados: Apenas os resultados com associações mais fortes são apresentados e estando em força decrescente de associação significativa. LF-Atenção associou-se positivamente com uso de mamadeira (β: 0,56) e negativamente com prematuridade (β:-0,33), aleitamento materno (β: -0,29). PR-Cereais foi positivamente associado com uso de mamadeira (β: 0,58) e negativamente com aleitamento materno (β: -0,50) e maior escolaridade materna (β: -0,34). PR-Acalmando foi associado negativamente com maior escolaridade materna (β: -0,36). RS-Quantidade associou-se positivamente com o uso de mamadeira (β: 0,26) e com a insegurança alimentar domiciliar (β: 0,25). Conclusão: Observou-se uma forte associação positiva do uso de mamadeira com estilos parentais não desejáveis e associação negativa da aleitamento materno e maior escolaridade materna com estes mesmos estilos. Importante ressaltar a associação positiva da insegurança alimentar domiciliar com o estilo Restritivo, subconstruto Quantidade. Assim, recomenda-se mais estudos para entender com mais profundidade como estes fatores influenciam os estilos parentais relacionados à alimentação infantil, incluindo estudos longitudinais e qualitativos.