Uberização e precarização do trabalho : enquadramento da Folha de São Paulo no primeiro ano da pandemia de coronavírus

Abstract

Tendo em vista que o processo de produção capitalista depende cada vez mais de formas precarizadas de trabalho, pesquisa-se sobre o fenômeno da uberização. A partir da investigação sobre a conjuntura na qual esse fenômeno se institui como modelo de trabalho na sociedade contemporânea, foram analisados os enquadramentos sobre a uberização do trabalho no site da Folha de S. Paulo, no primeiro ano da pandemia de coronavírus, de março de 2020 a fevereiro de 2021. Para tanto, com base em um quadro teórico composto por Dardot e Laval, David Harvey, Ricardo Antunes e Ludmila Abílio, realiza-se uma pesquisa sobre o contexto neoliberal de precarização das condições trabalhistas, no qual se dá o surgimento do trabalho uberizado, e analisam-se, segundo o conceito de Gregory Bateson, os enquadramentos conferidos à uberização nas matérias publicadas pela Folha durante o primeiro ano da pandemia. Observa-se que o enquadramento predominante em 84% das matérias analisadas apresenta a uberização como desvalorização e precarização do trabalho.