Resumo: | Neste trabalho, a obra "Como desfazer coisas com palavras" é inicialmente apresentada como conceito e como projeto, independentemente de sua execução concreta; descreve-se um memorial, discutem-se problemas percebidos em duas de suas versões prévias, desdobram-se então alguns exercícios especulativos para, finalmente, chegar a uma solução geral que toma a forma da versão atual a ser executada. A seguir, são estudadas questões que atravessam de modo geral a prática das artes urbanas – a questão da "aconsensualidade", a ética da intervenção pública, sua condição como expressão de práticas sociais, anonimato e reconhecimento, reapropriação do não-lugar, enquadramento como contravenção, desenquadramento como arte de caráter contemporâneo, o que acontece quando cooptada por circuitos de interesses comerciais e institucionais – e a cada qual pontuadas as suas relações com esta obra em específico. Por último, descreve-se detalhadamente seu planejamento e execução, entre técnica, material, medições, orçamento, ação de rua, e sugere-se uma breve observação dos ventos antes das considerações finais: sobre a efetividade da obra enquanto experiência de saciação semântica (para que funcione numa passagem, creio que necessitaria de uma escala maior); sobre o impacto que tem no local (como qualquer obra de arte urbana, opera no sentido da reapropriação do não-lugar); sobre elementos de composição alternativos (ainda que sujeito a um processo de dessignificação, o signo sempre carrega uma poética colateral); e finalmente sobre o problema da transcendentalidade da arte conceitual (não alcança a imaterialidade, mas pode operar sobre o social) |