Modelagem matemática da cicatrização do pé diabético : análise de desempenho do protocolo RAPHA®

Abstract

A úlcera de pé diabético é uma complicação comum em pacientes com Diabetes Mellitus do Tipo 2. Devido ao baixo fluxo sanguíneo nos membros inferiores, as úlceras são propensas à necrose e à infecção. Por consequência, quando não tratadas, levam a amputações não traumáticas que diminuem a qualidade de vida do paciente de forma significativa. O Rapha® é um protocolo médico que propõe uma alternativa para tratamento de úlceras de pé diabético. O protocolo proposto associa a fototerapia ao uso do látex em forma de palmilha. A ação simultânea dos dois métodos atuam na aceleração do processo de cicatrização e cura do tecido. Além de apresentar baixo custo se comparado a outros tratamentos, o sistema é portátil e o tratamento pode ser feito em casa pelo próprio paciente. Visando otimizar a aplicação do projeto, o presente estudo objetiva a determinação do desempenho do Rapha®. Para tanto, utiliza-se modelagem matemática para obter a correlação entre a diminuição da área da ferida durante o tratamento e fatores biológicos dos participantes do estudo de caso. Desse modo, é possível aumentar o grau de previsibilidade quanto ao processo de cicatrização da úlcera, analisando as condições biológicas de maior ou menor impacto. Neste estudo foram correlacionados os fatores: área da ferida, resistência galvânica da pele e, taxas de hemácias, leucócitos e cortisol no sangue dos pacientes. Observou-se a relação entre os fatores biológicos e o processo de cicatrização, bem como a influência dos dados sanguíneos neste processo. A partir disso, comparou-se os desempenhos dos tratamentos utilizando o protocolo SUS e o protocolo Rapha®. Como resultado, foi possível aferir que há uma relação direta entre a diminuição da área da ferida durante o tratamento de pé diabético e a resistência galvânica da pele. Logo, à medida que a úlcera é cicatrizada, há um aumento da resistência galvânica da pele, sendo um possível indicador de desempenho do protocolo durante o tratamento. Para isso, foram obtidos os coeficientes de determinação dos dois elementos analisados. Além disso, constatou-se que elevadas taxas de leucócitos no sangue retardam o processo de cicatrização, tendo em vista que são um indicativo de possível infecção. Já as hemácias apresentam uma relação direta com a diminuição da área da ferida, ou seja, quanto maior o nível de hemácias no sangue, maior oxigenação nas células e mais acelerado é o processo de cicatrização. E, por fim, o cortisol apresenta uma relação indireta, assim como os leucócitos. Elevadas taxas de cortisol são um indicativo de estresse, o que retarda o processo de cura e consequentemente, diminui a resistência galvânica da pele. O estudo propõe a implementação de controles para aumentar a predição do desempenho, bem como a personalização do tratamento para pacientes com pé diabético, de forma a mitigar as amputações de membros inferiores e aumentar a qualidade de vida das pessoas acometidas pela doença.