Formação docente e reflexões sobre corpos precarizados : o olhar de uma licencianda sobre a classe hospitalar

Abstract

A presente pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso está vinculada à linha de pesquisa da Pedagogia Hospitalar e seus sujeitos. A Classe Hospitalar é o “espaço” para oferta de atendimento pedagógico educacional a esses sujeitos em idade escolar que se encontram hospitalizados para tratamento de saúde, para promoção do seu efetivo exercício como cidadão e cumprimento do seu direito à educação. Entretanto, apesar da oferta desse serviço já ocorrer em diversas partes do mundo e em todas as regiões do Brasil, ainda é uma temática que causa estranhamento nos núcleos de debate se pesquisa sobre a educação e formação de professores. Com uma abordagem qualitativa baseada na análise documental e revisão bibliográfica, reinterpretando o conceito de Corpos Precarizados, do sociólogo e educador Miguel Arroyo (2012), esse estudo teve por objetivo dissertar sobre como evidenciar os corpos precarizados de crianças e adolescentes em condição de hospitalização pode contribuir para uma ética profissional docente mais humana e, assim, avançarmos a democratização da educação, e como objetivos específicos discutir a emergência da compreensão dos corpos precarizados dessas infâncias adolescências a partir da sua constituição como sujeito de direitos; e esboçar a lacuna ética para a formação inicial eo desenvolvimento profissional docente no currículo do curso de licenciatura em Letras da Universidade de Brasília. Para isso, a pesquisa está fundamentada em pressupostos da Sociologia da Infância, com contribuições de Soare (2005, 2015) e Montanha (2020) e da Sociologia da educação, com o Arroyo (2012,2014, 2019), Freire ([1968] 2021a, [1996] 2021b)e Bell Hooks (2017),bem como Fonseca (1999, 2015, 2018),Oliveira (2019) e Webber (2009) para nos orientar com a temática sobre a classe hospitalar. Também foi necessário realizar uma pesquisa sobre o curso de Letras da Universidade de Brasília, que teve como referência a pesquisa dos docentes do Instituto de Letras, Eloísa e Alexandre Pilati (2015).Para então conseguir tirar esses corpos da obscuridade das teorias pedagógicas, esse estudo conta com as vozes de crianças e adolescentes hospitalizados. Esses relatos foram coletados da tese de Silva (2015) e dissertações de Rocha (2012) e Montanha (2020). À luz da teoria crítica freiriana, os resultados evidenciaram que a ética vigente envolvida nas deliberações para o efetivo exercício da docência tem sido a de generalizar a imagem do aluno. Paulo Freire concebe o sujeito como ser “de processos, de pedagogias de formação humana”, logo, a docência precisa assumir em sua dimensão ética os processos de formação humana, e isso significa trazer para a sua formação inicial a precarização dos corpos-vidas reais que estão dentro e fora da escola. Esses sujeitos, em suas trajetórias escolares truncadas, ao saírem da invisibilidade e se afirmarem dignos de direito à educação exigem de nós, professores e gestores, outras reflexões sobre o sistema educacional, pois seus corpos-vidas não cabem em teorias-práticas pedagógicas homogêneas.