Desfechos relacionados a hemorragia pós parto e condutas adotadas o no terceiro período do parto por equipes de parto domiciliar do Distrito Federal

Abstract

A Hemorragia pós-parto - HPP é a principal causa de morte materna no mundo e a segunda no Brasil, e está relacionada principalmente à atonia uterina. Considerando a gravidade de sua ocorrência, profissionais de saúde adotam condutas durante o terceiro período do parto, espaço de tempo entre o nascimento do bebê e a dequitação da placenta. Estas condutas são agrupadas em conduta expectante, e a conduta ativa. Não há um consenso sobre qual a mais apropriada e há diferentes concepções de cada uma. Partindo-se do princípio de que o ambiente domiciliar e o atendimento por parteiras (definidas, neste estudo, como profissionais com formação certificada por instituição qualificada) favorece a fisiologia do parto, este trabalho se abordou os partos realizados nesses ambientes, investigando a conduta das profissionais durante o terceiro período e a ocorrência de HPP. Objetivo: Descrever a relação entre conduta adotada no terceiro período por equipes de Parto Domiciliar (PD) no Distrito Federal (DF) e a ocorrência de HPP e suas concepções sobre o terceiro período do parto. Método: Trata-se de um estudo com as abordagens quantitativa e qualitativa dos dados. Para a abordagem quantitativa o delineamento foi transversal, descritivo e retrospectivo e para a abordagem qualitativa foi a narrativa com entrevista. O estudo foi realizado entre os meses de outubro a dezembro de 2020. Participaram do estudo, três equipes de PD que atendem no DF, e são compostas por enfermeiras obstétricas e por parteira com certificação internacional. Após a extração dos dados quantitativos foi realizada a análise descritiva dos dados. Posteriormente foram realizadas entrevistas com as profissionais que compõem essas três equipes, e em seguida as entrevistas foram transcritas e a análise baseou-se no método da Análise de Conteúdo categorial temática de Bardin. Resultados: Foram analisados 422 prontuários, que revelaram a idade média das mulheres atendidas pelas equipes de parto domiciliar de 32 anos, pertencentes a classes socioeconômicas privilegiadas. Os desfechos relacionados ao trabalho de parto, às condições do períneo e as condições dos recém-nascidos - RN foram positivos. A aplicação de ocitocina profilática no terceiro período se deu em 23,7% dos casos e a HPP ocorreu em 5,5%, tendo sido necessária a transferência para o hospital por esse motivo de 0,7% dos casos, que tiveram bons prognósticos. Foram entrevistadas três profissionais, pertencentes às três equipes envolvidas no estudo. Quanto ao manejo do terceiro período, todas priorizaram a conduta expectante, porém, duas parteiras relataram aplicar condutas do manejo ativo quando detectam algum fator de risco de HPP, enquanto a terceira relatou iniciar alguma intervenção farmacológica depois do estabelecimento da HPP, e após outras intervenções, utilizando, ainda, medicamentos fitoterápicos na maioria dos casos. Todas consideraram como principais fatores de prevenção da HPP o cuidado com a ambiência do parto e o contato pele a pele da mãe com o bebê. Conclusão: os resultados apontam que o trabalho das enfermeiras obstétricas na assistência ao parto domiciliar prioriza a fisiologia e a individualização do cuidado, com base em capacitação e em evidências científicas e promove bons desfechos relacionados à HPP.