Referência: | MARTINS, Gabriela Araújo. Cheguei na boca da noite, saí de madrugada: usuários de informação, desigualdade social e praxiologia receptiva no projeto Biblioteca Mário de Andrade 24 horas. 2022. 103 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022. |
Resumo: | A biblioteca pública tem como objetivo atender as situações de necessidade informacionais dos sujeitos pertencentes à comunidade onde está organicamente inserida, mediando informação e promovendo leitura e acesso à informação e ao conhecimento, sem distinção de classe social ou discriminações de outras naturezas. Entretanto, quando se levanta a questão da existência de um público real ou potencial
e um público que não é colocado no horizonte ou considerado pela biblioteca, esse objetivo entra em contradição ou pode ser problematizado. O presente trabalho parte da premissa de que unidades de informação, dentre as quais, bibliotecas públicas, enfrentam problemas relativos à desigualdade social e, complementarmente, de que ela própria, como instituição, pode, direta e/ou indiretamente, corroborar ou promover situações de desigualdade e invisibilidade social. De tais premissas decorrem os conceitos de “público” (usuário real ou potencial), “não-público” (não-usuário), “não público como ralé estrutural”, este proposto e/ou sistematizado por Rodrigo Rabello e Oswaldo Francisco de Almeida Junior, que fundamenta acepções de estudos e abordagens (praxiologias) que desconsideram (restringindo) ou consideram (receptivamente) os sujeitos e suas práticas, propostas por Rabello. À luz de tais premissas e concepções, o trabalho objetiva refletir sobre aspectos relativos a usuários de informação, desigualdade social e praxiologias receptivas no âmbito do Projeto Biblioteca Mário de Andrade 24 horas (Projeto BMA 24 horas). Para tanto,
realizou-se pesquisa qualitativa, com procedimentos de revisão de literatura, pesquisa documental e descritiva sobre a criação, o desenvolvimento e a finalização do Projeto BMA 24 horas. Valeu-se da análise de matéria sobre o assunto publicadas em três dos principais jornais nacionais de circulação diária, O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo e G1 e Revista Veja. A descrição dos artigos jornalísticos contou com método diplomático e a análise qualitativa valeu-se da técnica de “diário de bordo”. Por fim, observou-se que o Projeto BMA 24 horas pôde ser considerado uma praxiologia receptiva, visto que, enquanto em funcionamento, possibilitou que usuários em potencial se tornassem usuários reais ou efetivos e, sobretudo, que não-público se
tornasse público, ao permiti-los utilizar os serviços da biblioteca a qualquer momento, no período noturno e de madrugada. |