Reflexos da pandemia de Covid-19 no atendimento de pessoas vivendo com HIV e AIDS.

Abstract

A Covid-19 é considerada uma sindemia, pois seus efeitos não se manifestam de maneira isolada no ambiente, uma vez que há a interação entre vários fatores e com outras doenças e agravos, as quais, combinadas entre si, suscitam uma situação em que há a sobrecarga de doenças sobre uma população. Portanto, o presente trabalho procurou traçar um panorama geral de como a pandemia de Covid-19 influenciou a curva de epidemiológica de HIV/AIDS no contexto brasileiro e quais foram os seus reflexos entre as pessoas que vivem com HIV durante o ano de 2020. Foi empregada uma abordagem quantitativa e descritiva, na qual as principais fontes de dados foram estudos feitos por entidades que tratam sobre o tema, sistemas de informação, como o SINAN, o SIM e o SINASC, painéis de indicadores epidemiológicos, o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS (2020) e dois bancos de dados disponibilizados pelo Departamento de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde que contêm dados preliminares para o ano de 2020. Quanto à epidemiologia, sugere-se que possa ter havido uma diminuição na quantidade de novos casos detectados tanto de infecção pelo HIV como de AIDS, o que também foi averiguado no ano anterior. Além disso, a distribuição das novas infecções (HIV) segue bem mais preponderante entre indivíduos de 20-29 anos, entre negros e pardos e entre homens homo e bissexuais. A pandemia também vem afetando boa parte das pessoas soropositivas, uma vez que metade relatou a necessidade de mais apoio psicológico e dois terços relataram que ter sofrido alguma alteração ligada à saúde mental. Além disso, quase um quinto também relatou condições de vulnerabilidade relacionada ao não-cumprimento das formas de prevenção da Covid-19. O trabalho também reuniu percepções de gestores, profissionais da saúde e usuários sobre a realização de consultas e exames, bem como em relação à disponibilização da Terapia Antirretroviral, medidas profiláticas, entre outros temas. Por fim, recomenda-se que os insumos de prevenção contra a Covid-19 sejam disponibilizados para as pessoas vivendo com a HIV, bem como que se assegure a manutenção na rotina de exames e consultas e da disponibilização de profilaxias relacionadas.