Gasto energético de repouso em mulheres no pós-operatório tardio de cirurgia bariátrica : concordância entre equações preditivas e calorimetria indireta

Abstract

Introdução: O tratamento da obesidade é multifacetado, a cirurgia bariátrica é a frente mais efetiva para o controle de comorbidades e perda de peso, sendo que uma parcela expressiva de pessoas apresenta recidiva de peso no pós-operatório tardio. No enfrentamento do reganho de peso, a intervenção nutricional com balanço energético negativo é fundamental. Para promovê-lo, de forma individualizada, deve-se calcular o gasto energético em repouso, cujo padrão ouro para mensuração é a calorimetria indireta (CI) ou, em sua falta, utilizar equações preditivas. A acurácia destas pode variar de acordo com a população em estudo e não há informações sobre qual seria a mais adequada para mulheres submetidas a cirurgia bariátrica há mais de dois anos. Objetivo: Comparar a mensuração do dispêndio energético em repouso obtida pela CI em mulheres adultas submetidas a cirurgia bariátrica por BGYR, há mais de dois anos, com o resultado de equações preditivas selecionadas na literatura. Métodos: Estudo observacional, transversal, com amostra de conveniência oriundos de dois projetos de pesquisa: CINTO e NERO, composta por mulheres submetidas à gastroplastia redutora em Y de Roux há, no mínimo, 2 anos. Foram coletados dados sociodemográficos, cirúrgicos, antropométricos e de composição corporal. A mensuração do dispêndio energético foi realizada por CI e a estimativa por meio de equações preditivas selecionadas da literatura. Foi realizada análise descritivas dos dados, com categorização da amostra pelo Índice de Massa Corporal (< 30 kg/m2 ou ≥ 30 kg/m2), com teste de normalidade para cada equação para os dois grupos. Foi feita a comparação da diferença entre a CI e as equações preditivas e elaborados os gráficos de Bland-Altman. Por fim, foi calculado o bias e acurácia, sendo considerados significantes valores de p >0,05. Resultados: Foram estudadas 221 mulheres, com idade média de 44±10 anos, e tempo pós operatório de 6±3 anos. Na análise das equações preditivas, três não apresentaram diferença significativa (p > 0,05) quando comparadas com os valores da CI para o grupo de IMC < 30 kg/m2: FAO/DRI (2002); Muller et al. (composição corporal) (2004) e Henry (2005). Para o grupo com IMC acima de 30 kg/m2, foi encontrada a equação de Mifflin et al. (1990) sem diferença significativa. Em relação ao grupo com IMC < 30 kg/m2, a equação da FAO/DRI (2002) apresentou a maior taxa de acurácia (83,9%), e equação de Mifflin et al. (1990), apresentou uma queda na taxa em relação ao mesmo grupo (65,1%). Foi verificado que a acurácia das equações se reduz à medida que o IMC se eleva. Conclusão: A equação do IOM/DRI (2002), apresentou maior concordância para com a calorimetria indireta, sugerindo seu uso na prática clínico nutricional para a estimativa do GER de mulheres no pós-operatório do BGYR tardio, com IMC < 30 kg/m2. Enquanto que a equação de Mifflin (1990), apresentou boa confiabilidade para as com IMC ≥ 30 kg/m2. O uso de equações preditivas na prescrição de dietas com restrição calórica, no caso das mulheres com reganho de peso no pós-operatório tardio, simplifica a estratégia de intervenção nutricional com vistas ao monitoramento ponderal quando da estimativa do GER para o planejamento dietético.