Resumo: | O tomate (Solanum lycopersicum L., família Solanaceae), é uma das hortaliças mais consumidas no mundo todo e o seu cultivo apresenta grande importância socioeconômica em diferentes estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal (DF). No DF o cultivo encontra-se distribuído em muitos Núcleos Rurais, apresentando uma ampla diversidade de sistemas de cultivo (campo aberto e protegido), sendo uma das hortaliças mais relevantes em termos de valor de produção (R$ 58.725 milhões) e área plantada (772 ha). Além disso, a planta é usada como modelo para estudos genéticos para determinar a tolerância ao estresse, a qualidade do fruto e outras características. O processo de domesticação do tomate favoreceu uma maior suscetibilidade durante o cultivo ou armazenamento pós-colheita, a uma ampla gama de doenças que influenciam negativamente sua produtividade, e mais de 200 agentes fitopatogênicos foram relatados para a cultura. Desta forma, o cultivo quase o ano todo propicia condições favoráveis ao desenvolvimento de pragas e patógenos. Dentre os patógenos destacam-se espécies classificadas no gênero Begomovirus (família Geminiviridae). Os begomovírus correspondem a vírus com genoma de DNA fita simples circular, pequeno, de aproximadamente 2.600 nucleotídeos (nts) que podem apresentar uma molécula de DNA-A em uma única partícula (denominados begomovírus monopartidos) ou duas moléculas de DNA (DNA-A e DNA-B). Na natureza a transmissão é feita de maneira eficiente pelo vetor aleirodídeo, extremamente polífago, mosca-branca [Bemisia tabaci Middle East Asian Minor-MEAM-1 (= biótipo B)], que foi introduzido no Brasil no início da década de 1990. Os primeiros relatos de epidemias de begomovírus em tomateiro foram feitos no DF em 1993 e a partir de então, vários outros estudos de levantamento, caracterização e registros de ocorrência de isolados de begomovírus ocorrendo em quase todas as outras regiões brasileiras foram realizadas, demonstrando um elevado número de espécies virais. Até o momento 21 espécies já foram caracterizadas a partir de tomateiro no país, sendo que destas onze ocorrem no Brasil, e recentemente duas novas espécies foram descritas no Distrito Federal, ilustrando a grande diversidade de begomovírus no país. A maioria dos begomovírus que ocorrem no país apresentam genoma bipartido. Esse complexo de begomovírus de tomateiro no Brasil apresenta múltiplas espécies de genoma bipartido com variados níveis de eficiência de transmissão pelo inseto vetor. Essas peculiaridades do vírus (genoma pequeno e bipartido sujeito aos eventos de mutação, recombinação e pseudo-recombinação) têm funcionado como elementos cruciais no processo de evolução deste grupo de vírus, contribuindo para uma constante alteração da estrutura genética das populações virais nas nossas condições. Diferentes estratégias têm sido empregadas para analisar diversidade viral e processos evolutivos que estão moldando a estrutura genético-molecular nestas populações virais. A principal delas tem sido a obtenção do genoma viral completo (componentes DNA-A e DNA-B) para posterior análise da diversidade, e proposição de novas espécies. A estratégia de controle mais eficiente é o uso de fontes de resistência e variedades de tomate contendo fatores de resistência de amplo espectro são uma característica essencial neste cenário de enorme diversidade de isolados virais no Brasil. Várias fontes de resistência às espécies de Begomovirusforam identificadas em espécies selvagens, incluindo Ty-1, Ty-2, Ty-3, Ty-4, Ty-5, Ty-6, tcm-1 e tgr-1. O mais utilizado dentre eles, é o Ty-1. Neste cenário de extrema diversidade, é possível que novas espécies, ainda não caracterizadas, possam estar ocorrendo no Distrito Federal. Recentemente, foi relatado que o isolado DF-640 é capaz de superar a resistência conferida pelo Ty-1. Neste cenário, conhecer a diversidade de populações de begomovírus, bem como novas espécies que estão surgindo é importante para dar suporte à programas de melhoramento. Neste contexto, o objetivo do
10presente projeto foi caracterizar begomovírus ocorrendo em seis amostras do DF. Estas amostras haviam sido previamente caracterizadas usando informações parciais de genoma para o componente DNA-A e correspondiam a potenciais espécies novas de begomovírus. Para caracterização de begomovírus, presentes nestas amostras, apó sa extração de DNA, RCA e PCR, o genoma completo foi recuperado mediante sequenciamento Sanger, usando primers walking para o genoma completo do DNA-A e parcial para o DNA B. Os genomas foram montados no Geneious e após Blastne análises de acordo com o recomendado para o grupo begomovírus, foi possível confirmar que uma destas amostras, denominada DF-480, corresponde a uma nova espécie para o gênero Begomovirus, coletada em Rajadinha. Os demais isolados, correspondendo a isolados de tomato sever e rugose virus -ToSRV (DF-167 e DF-556, coletadas no Núcleo Rural São José e Núcleo Rural Tabatinga respectivamente) e tomato chlorotic mottle virus–ToCMoV (DF-024, DF-046 e DF-050; todas coletadas no Gama-DF)tiveram suas sequências completas recuperadas, entretanto ToSRV e ToCMoV já haviam sido relatados infectando tomate no Distrito Federal. |