Análise das orientações ideológicas sobre o trabalho no âmbito da fábrica social, uma política pública de trabalho, emprego e renda

Abstract

O trabalho de conclusão de curso buscou compreender os componentes ideológicos que orientam a compreensão sobre o tema do trabalho na Fábrica Social que é uma política pública de trabalho, emprego e renda do Distrito Federal e que tem como principal objetivo a qualificação profissional e inserção produtiva de pessoas em situação de vulnerabilidade social em um contexto de alta taxa de desemprego e de aumento da precarização e da superexploração do trabalho. O trabalho também buscou identificar os elementos políticos do programa e como as mudanças políticas e ideológicas que ocorreram nacionalmente e no Distrito Federal influenciaram as ações no âmbito da Fábrica Social, ao final descobriu-se que essas mudanças influenciaram na reconceitualização do programa a partir de 2015, em uma maior adequação ao mercado e na inclusão de novas práticas de aprendizado que possuem um viés ideológico implícito, como o empreendedorismo. Também buscou-se entender como ideologias dominantes, sobretudo a neoliberal, se apresentam na formação de um indivíduo que se adeque ao sistema, ou seja, na formação de um neossujeito, visto que esse é um programa de educação e formação profissional que se baseia na noção de competência. Para isso foi realizada uma pesquisa descritiva qualitativa a partir da análise documental de documentos como as Leis e os Projetos Pedagógicos que tratam sobre o programa e dos planos de governo dos governadores do DF. E ao final, concluiu-se que o programa Fábrica Social é uma política pública que possui essencialmente um viés ideológico social, porém foi constatado que existe uma dinâmica ideológica que vai se apresentando no próprio contexto do programa e foram constatados reflexos ideológicos liberais e neoliberais voltados para o atendimento do que o mercado e o capitalismo em crise precisam e na formação de um neossujeito polivante que se adeque às mudanças no mercado de trabalho, às novas formas de trabalho, às crises do capital e à reestruturação produtiva que se intensificou a partir da segunda metade do século 20 e que trouxe uma forma de produção mais flexível diferente do modelo taylorista/fordista que dominou as formas de produção no início do século 20.