Influência do suporte espiritual/religioso no cenário do paciente crítico para familiares e enfermeiros

Abstract

Objetivo: Identificar a influência do suporte espiritual/religioso no cenário do paciente crítico para familiares e enfermeiros. Método: estudo quantitativo, exploratório, descritivo e transversal desenvolvido na UTI de dois hospitais públicos do Distrito Federal. A amostra foi de conveniência e constituiu-se de enfermeiros intensivistas (n=22) e dos familiares (n=61) dos pacientes críticos. A coleta de dados para o grupo enfermeiros, ocorreu a partir da aplicação da escala Spirituality and Spiritual Care Rating Scale (SSCRS) do tipo likert, validada para a enfermagem brasileira e, para os familiares adotou-se um questionário estruturado com questões relacionadas a características sociais, demográficas, profissionais e religiosas. Para análise estatística foram utilizados os testes Exato de Fisher e Mann-Whitney, conforme apropriado. Realizou-se análise descritiva dos dados e considerados significativos os resultados com p ≤0,05. Resultados: Dos 22 enfermeiros, 77,3% se declararam do sexo feminino, com idade mediana de 35 anos, sendo predominante o cargo de enfermeiro assistencial (77,3%). Os enfermeiros intensivistas informaram que podem oferecer cuidado espiritual dedicando tempo ao paciente (p=0,03). Independente do cargo e da carga horária, os profissionais declararam que podem oferecer cuidado espiritual (59,1%; p=0,048), por se considerarem aptos (p=0,03) e 54,4% acredita que pode fornecer cuidado espiritual respeitando a privacidade, dignidade e crenças religiosas e culturais dos pacientes, entretanto somente 27,3% informou conseguir oferecer cuidado espiritual ouvindo e permitindo que os pacientes e os seus familiares tenham tempo para discutir e explorar seus medos, ansiedades e problemas. Entre os 61 familiares, 60,7% se declarou do sexo feminino, o grau de parentesco mais frequente durante o horário de visita familiar foi o de filho (36,1%). A religião católica foi mais prevalente entre os familiares, 52,5%. Menos da metade dos familiares concluiu o ensino médio (37,7%). Ainda, 88,5 % dos membros familiares acreditam que a religiosidade/espiritualidade ajuda no enfrentamento de momentos difíceis, também consideram a oração como parte do cuidado no cenário de assistência ao paciente crítico (p=0,02) e concordam que a visita de algum provedor espiritual pode influenciar no conforto tanto da família como do paciente (p=0,04). Conclusão: O suporte espiritual/religioso foi reconhecido pelos enfermeiros intensivistas e familiares de pacientes críticos como signfiicativo no processo de cuidar, reforçando a necessidade de atenção para com essa dimensão, como um componente relevante de humanização no cenário de cuidados intensivos.