Resumo: | Há um bom tempo o serviço militar é obrigatório para pessoas do sexo masculino
no ano em que completam 18 anos, exceto para algumas pessoas, como, por exemplo,
as Pessoas Com Deficiência (PCD). Entretanto, por diversos motivos, alguns homens
procuram alternativas que garantam a dispensa dessa obrigatoriedade. É plausível
imaginar que, em razão de ser um serviço obrigatório, os que são selecionados para
servir, sem um profundo desejo de prestá-lo, tendem a ser mais expostos à desmotivação
com o trabalho, bem como às diversas consequências posteriores. Contudo, não são
somente os jovens recrutas que estão sujeitos a isso e, descobriremos um pouco mais
sobre essa relação entre a organização militar e o seu profissional, neste estudo. O
objetivo aqui é compreender e trazer à tona como se constitui essa relação, analisando
as vivências do prazer e sofrimento em uma organização militar. Para isso, utilizamos a
pesquisa qualitativa, que contou com entrevistas semiestruturadas, feitas em uma
organização militar, que foram analisadas pela ótica de Bardin (2016) da análise de
conteúdo. Os resultados deste estudo apontaram que a rotina militar manifesta desafios,
aos quais, por vezes, tendem a deixar os colaboradores militares no limite. Mostram que,
para superar esses desafios, precisam de muita força de vontade e, principalmente,
gostar de estar ali. Ainda, trilham a construção das estratégias de mediação pelo fato de
estarem sofrendo coletivamente e esse fato faz com que a união entre eles seja forte e
longínqua, tornando seus pares seus principais aliados para se sentirem motivados.
Entretanto, embora sejam expostos ao sofrimento, a sobrecarga encontrada mostra-se
cada vez mais natural, a ponto de gerar um entendimento, de ser vista como um meio
necessário para que se chegue aos fins, sendo esses identificados como os interesses da
organização e é por meio dessa perspectiva que eles entendem que, finalmente, se
tornaram militares. |