Uso de tecnologias digitais de informação e comunicação para promoção da educação científica a estudantes da educação básica do plano piloto

Abstract

O ano de 2020 foi marcado por diversas mudanças causadas pelo surgimento de uma nova cepa de coronavírus. Uma das medidas adotadas para evitar a propagação do vírus foi a adoção do isolamento social, com a paralisação de todas as atividades não consideradas essenciais, inclusive às instituições de ensino. Dessa maneira, surgiu a necessidade de adaptar o ensino presencial para uma modalidade de ensino remoto emergencial (ERE), mediada por Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs). O ERE no Brasil apresentou dificuldades em virtude da falta de universalização ao acesso e a internet de qualidade, além de parte dos estudantes possuírem apenas o celular para tal e muitas vezes este ser compartilhado entre os familiares, fatos que dificultam o máximo aproveitamento dos recursos digitais. Entretanto, o período pandêmico também oportunizou discussões científicas e ressaltou a importância da ciência para a sociedade. Porém, a divulgação científica muitas vezes não oportuniza o entendimento e a compreensão do discurso científico pela população. Assim, muito mais do que divulgar ciência, torna-se necessário torná-la popular. As TDICs podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem e a popularização científica. Os recursos digitais como vídeos, postagens em redes sociais, podcasts, jogos e mais recentemente as lives são exemplos de ferramentas que podem ser usados em contexto pedagógico. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi analisar os eventos realizados on-line pelo projeto Conexão Científica, lives no Youtube, meets do ‘Dia “D” Ciência’ e conteúdos em mídias sociais do projeto para a popularização e educação científica, nos anos de 2020 e 2021. Os dados foram obtidos por meio dos comentários das lives e meets e por meio da aplicação de questionários acerca dos materiais com temáticas específicas (desenvolvimento sustentável, imunologia, organismos geneticamente modificados) para professores colaboradores do projeto. A análise foi realizada no software IRAMuTeq e de modo subjetivo pelos autores. As lives atingiram, ao longo da semana, cerca de 10.260 pessoas, com a presença de pessoas de vários estados brasileiros com total de 790 avaliações positivas, 15 negativas e 1.081 comentários síncronos. Os meets obtiveram resultado parecido com o das lives no que se refere ao conteúdo dos comentários, porém, as mensagens nos meets foram voltadas à fala dos convidados. A quantidade de perguntas foi baixa em ambos os eventos. O questionários geral sobre o projeto obteve 10 resposta, enquanto os questionários específicos obtiveram 5. Os professores respondentes tinham mais de 10 anos de docência e lecionam, em sua maioria, para ensino fundamental anos finais. A partir da análise dos materiais pelos professores, observa-se melhor aceitação do material relativo ao tema de imunologia. Em relação aos recursos digitais utilizados no projeto, todos foram bem avaliados dentro dos parâmetros analisados no presente trabalho. Conclui-se que as lives e meets cumpriram o papel de aproximar as comunidades acadêmica e escolar, e que a popularização científica por meio de TDICs apresenta potencial para promoção da educação científica na educação básica. Entretanto, é preciso considerar a heterogeneidade quanto ao acesso à tecnologias e à internet.