Gênero e sofrimento psíquico : desafio e (re)construção do ser mulher a partir do Instituto Mãos Amigas (IMA)

Abstract

O problema de pesquisa levantado por este trabalho de conclusão de curso repousa sobre o maior percentual de mulheres diagnosticadas com transtornos mentais em comparação aos homens na sociedade brasileira. Portanto, mais medicalizadas e monitoradas pelos(as) profissionais de saúde. A partir desse cenário, problematizam-se os valores patriarcais que circunscrevem as práticas médicas que, por sua vez, utilizam dos consentimentos históricos e socialmente construídos acerca do significado de ‘ser mulher’. Diante desse contexto em que as instituições estatais produzem e reproduzem valores e lógicas patriarcais, aliando ao desmonte da assistência à saúde mental ocorrido nos últimos anos, a sociedade civil vem se mobilizando para garantir acesso de qualidade à saúde para aqueles(as) que são desassistidos. O IMA (Instituto Mãos Amigas) é uma instituição sem fins lucrativos que leva atendimento profissional a pessoas que estão em sofrimento psíquico. Os perfis de seus(as) usuários(as) são diversos. O recorte para o desenvolvimento desta pesquisa foram os relatos revelados pelo grupo Mulherão, composto por mulheres diagnosticadas com algum tipo de transtorno mental e que são atendidas pela ong. O grupo reúne-se uma vez por semana em chamadas online para conversar sobre suas mazelas, trocar experiências e informações, além de construir fortes laços entre suas protagonistas. Os objetivos da aproximação com o IMA foram: conhecer o trabalho desempenhado pela instituição, bem como aproximar-me das realidades individuais, em especial das mulheres, que estão articuladas por meio das reuniões habituais; conhecer casos de pacientes do IMA e estabelecer uma conexão com a seleção bibliográfica realizada; entrevistar a sua fundadora e alguns(mas) voluntários(as); contribuir para desmistificar o estereótipo da doença mental por meio de contribuições sociológicas. Apontar o modo como os valores morais, crenças e símbolos habitados no interior do sistema patriarcal levam à psicopatologização direcionada às mulheres; e, compreender os discursos (médico e social) historicamente consolidados para a patologização, e muitas vezes, a institucionalização feminina.