Trabalho doméstico, de cuidado e produção : alocação de tempo em função de gênero e raça no Brasil

Abstract

Esse é um estudo de alocação do tempo para o Brasil utilizando dados da pesquisa “Outras Formas de Trabalho" da PNAD Contínua 2019. O objetivo do estudo é a mensuração da desigualdade de tempo em trabalho doméstico entre adultos e entre jovens e a análise da desigualdade intra-gênero em relação a esse tipo de trabalho, com foco no impacto da variável raça e na presença de cônjuge e filhos no domicílio. As hipóteses principais são que mulheres pretas ou pardas realizam mais trabalho doméstico do que brancas, ter filhos aumenta a carga horária feminina de trabalho doméstico mais que proporcionalmente para mulheres e que meninas realizam mais horas de trabalho doméstico que meninos entre 13 e 17 anos. Por meio de regressões MQO são obtidos resultados que confirmam a hipótese apresentada e permitem a quantificação da desigualdade entre homens e mulheres no país em relação ao trabalho doméstico. Mulheres pretas ou pardas realizam cerca de 1 hora semanal de trabalho doméstico a mais que mulheres brancas no Brasil. As horas trabalhadas em trabalho remunerado, os rendimentos familiares e a escolaridade estão associados a níveis mais baixos de desigualdade entre homens e mulheres. Essas variáveis produzem as maiores desigualdades intragênero. Em função da diferença de rendimentos e do nível de escolaridade entre pessoas pretas ou pardas e brancas no país, sugere-se que o peso do trabalho doméstico seja ainda superior ao obtido por meio do controle na análise econométrica. Para jovens entre 13 e 17 anos, obtém-se que estudar e não realizar trabalho remunerado está associado a -5,53 horas de trabalho doméstico para meninas.