Resumo: | A segurança do paciente, as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde e
à resistência microbiana são temas que têm ganhado bastante espaço nas pautas
mundiais de saúde, sendo consideradas como problemas de saúde pública. O
presente trabalho tem como objetivo discutir a importância do desenvolvimento de
ações de segurança do paciente e controle de infecções relacionadas à assistência à
saúde, tendo como contexto recorrente e real, resistências microbianas. Ele diz
respeito a um estudo descritivo-exploratório quantitativo de Série de Casos; baseado
em dados secundários da Gerência de Risco em Serviços de Saúde ligada à Diretoria
de Vigilância Sanitária do Distrito Federal, cuja amostragem é de 116 pacientes que,
internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), desenvolveram infecção
microbiana no ano de 2018 em um hospital público do Distrito Federal. Os resultados
revelam que mais de 50% das infecções estudadas tiveram como desfecho o
encaminhamento para outra enfermaria do mesmo hospital, ou seja, tais indivíduos
apresentaram melhora clínica. Porém, 36,2% dos indivíduos foram a óbito, o que
representa uma taxa significativa da amostra. Apesar de parecer clara a tendência de
correlação entre maiores períodos de internação e recorrência de infecções, as taxas
encontradas apresentam maior porcentagem de infecções em indivíduos que
permaneceram de 0 a 9 dias internados na UTI; em relação aos óbitos, encontra-se
destacado, com 26,2%, também o intervalo de 0 a 9 dias. É possível verificar que
48,3% dos pacientes que apresentaram infecções relacionadas à assistência à saúde
foram infectados com apenas 1 microrganismo. Observa-se, também, que essa
proporção diminui significativamente para 38,1%, quando a amostra são os casos que
tiveram como desfecho o óbito. As informações sobre a quantidade de medicamentos
usados por pacientes em seus tratamentos mostram que 23,8% dos óbitos dizem
respeito a indivíduos que estavam utilizando 7 medicamentos e mais. Os dados
revelam que grande parte das infecções apresentadas estava diretamente ligada à
corrente sanguínea, ao sistema respiratório e ao sistema urinário dos pacientes. Ao
verificar o contexto geral da amostra em relação ao uso de dispositivos invasivos,
verifica-se que 44,8% dos pacientes tinham de 4 a 5 dispositivos invasivos no corpo,
enquanto, em relação aos pacientes que tiveram como desfecho o óbito, essa taxa
sobe para 57,1%. 44,8% de todas as infecções analisadas apresentaram presença de
sepse e choque séptico, e 71,4% dos óbitos também tiveram como característica da infecção presença de sepse e choque séptico. Os cinco principais agentes etiológicos
causadores tanto das infecções gerais analisadas, quanto dos óbitos são
Staphylococcus epidermidis, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus haemolyticus,
Enterococcus faecalis, Pseudomonas aeroginosa. Os cinco antimicrobianos mais
utilizados nas tratativas dos casos analisados foram Meropenem, Polimixina B,
Vancomicina, Cefazolina e Tazocin. Em relação ao perfil de sensibilidade encontrado
nos agentes etiológicos da amostra, verifica-se que a grande maioria é sensível à
Vancomicina, Teicoplanina e Daptomicina, em ordem decrescente. Sobre o perfil de
resistência dos microrganismos detectados, têm-se um significativo destaque a
resistência à Ciprofloxacino, Ampicilina com Sulbactram e Levofloxacino. O
desenvolvimento de ações de segurança do paciente em contextos de resistência
microbiana é indispensável, porém, a fim de garantir a efetividade dessas ações, é
necessário que haja uma abordagem conjunta de vários atores sociais, incluindo os
profissionais de saúde, os pesquisadores e segmentos governamentais, através de
investimentos em pesquisas, da adaptação e desenvolvimento de novas intervenções,
além da capacitação de recursos humanos. |