Desempenho de vigas de madeira lamelada colada de três espécies amazônicas, utilizando dois tipos de adesivos

Abstract

A madeira possui um uso promissor para a construção civil, em especial as espécies nativas da Amazônia. As vigas de madeira lamelada colada (MLC) são um material que permite o uso de espécies de média e baixa densidade gerando produtos com variedade de formas e dimensões. Classificar as lamelas de madeira possui grande significância para a qualidade de viga de MLC, podendo ser feito por meio de ensaios não destrutivos (END). O estudo teve como objetivo avaliar, por meio de testes destrutivos e não destrutivos, o desempenho das vigas de MLC de três espécies amazônicas utilizando dois adesivos diferentes. As madeiras usadas neste estudo foram Couratari onblongifolia Ducke et R. Knuth (Tauari), Maquila sclerophylla (Ducke) C.C. Berg (Muiratinga) e Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand (Breu), todas coletadas pelo Laboratório de Produtos Florestais - LPF na Floresta Nacional do Tapajós. Após o desdobro em lamelas, elas foram classificadas por módulo de elasticidade dinâmico (MOEd) utilizando três métodos: ondas ultrassônicas (ultrassom), ondas de tensão longitudinal (Stress Wave Timer) e classificação mecânica stress-grading de acordo com a norma ASTM D-4761 (2013). Para a confecção das vigas de MLC foram usados dois tipos de adesivos: poliuretano (PUR) e acetato de polivinila crosslink (PVAc). As vigas de MLC foram testadas pelos métodos de ondas ultrassônicas, ondas de tensão, classificação mecânica e pelo ensaio destrutivo de flexão estática em quatro pontos, de acordo com a norma ASTM D-198/02 (2015). A análise estatística foi realizada com auxílio do software SPSS plus. Após o cálculo dos módulos de elasticidade dinâmicos gerados pelos END, foi feita uma correlação de Pearson ao nível de significância de 5%. Utilizando-se os valores do ensaio de stress- grading como referência, o equipamento Stress Wave Timer obteve os melhores resultados,

apresentando o valor de R=0,984. A partir dos dados de MOEd gerados pelos ensaios destrutivos, observou-se que as espécies tauari e muiratinga (espécies de maior densidade) obtiveram os melhores resultados. Em relação ao módulo de ruptura (MOR), ficou evidente que o adesivo foi um fator primordial na resistência das vigas de MLC. As médias de MOR com lamelas coladas com PVAc foram superiores as demais. A espécie breu obteve os piores resultados, independentemente, do tipo de adesivo. Correlacionando os valores de MOE dinâmico dos END com o MOEd da flexão estática das vigas de MLC, observou-se que as técnicas de ultrassom e Stress Wave Timer apresentaram maior correlação: R = 0,869 e R = 0,834, respectivamente. Para a classificação das lamelas, o método de ondas de tensão longitudinal apresentou maiores coeficientes de correlação e dados numericamente mais próximos à classificação stress-grading. Para a classificação das vigas de MLC, os END obtiveram alta correlação destacando o de ondas ultrassônicas e de tensão. Entretanto, a classificadora mecânica gerou dados numericamente mais próximos aos da flexão estática. As vigas de MLC de tauari coladas com PVAc apresentaram melhores resultados de MOEd e MOR, o que pode ser explicado pela maior densidade da madeira e viscosidade do adesivo.