Resumo: | O bioma Pampa, reconhecido oficialmente em 2004, também denominado de campos sulinos, ocupa o quinto lugar em extensão e encontra-se restrito a uma única grande região e a um único estado da federação, o Rio Grande do Sul, do qual recobre 68,8%. Em termos relativos o Pampa é o segundo bioma brasileiro com maior descaracterização das suas paisagens naturais, sendo que a principal ameaça à biodiversidade no bioma Pampa resulta das atividades que dependem da supressão da vegetação nativa, tais como a agricultura e a silvicultura (Hasenack et al.; 2019). Historicamente o bioma Pampa está relacionado à criação extensiva de gado, geralmente utilizando os campos nativos como recurso natural disponível para o pastoreio (Marchi et al., 2018), caracterizado pela rica composição florística dos campos sulinos que abriga 450 espécies de gramíneas e 150 espécies de leguminosas, além de 146 espécies de plantas ameaçadas de extinção. As pastagens nativas são de extrema importância devido à sua alta diversidade de espécies. No entanto, a produção de forragem nativa remete às características de baixa produtividade, consequentemente baixa rentabilidade (Rocha et al., 2020), fato este que aliado à pressão de atividades agrícolas mais rentáveis, como a lavoura de soja e a silvicultura, colocam a pecuária de corte em desvantagem, fazendo com que esta perca espaço ao longo do tempo. Todavia, a pecuária desenvolvida com responsabilidade, associando produção e conservação, certamente é a atividade mais adequada para manutenção da biodiversidade do Pampa (Boldrini, 2020), já que a manutenção da pecuária reduz-se a necessidade de conversão da cobertura original para cultivo de pastagem, preservando hábitats e a fauna a eles associada (Hasenack et al., 2019). Nesse sentido são necessárias estratégias para aliar a produção de bovinos com a conservação do bioma Pampa, como o sistema de integração lavoura-pecuária proposto por Lobato (2005) como ferramenta tecnológica que possibilita a redução da idade de abate dos novilhos e de serviço das novilhas, posto que contam com pastagens de maior qualidade, de menor custo e de manejo mais intensivo e a intensificação com a utilização de pastagens nativas melhoradas que apresentam menor risco financeiro (Collares, 2020) e contribuem para redução na emissão de CO2 (Oliveira, 2016). A partir desta revisão de literatura foi possível constatar que a produção de bovinos de corte no bioma Pampa constitui importante atividade econômica, social e cultural, sendo que atualmente se encontra ameaçada pelo baixo retorno econômico e avanço de atividades agrícolas. Portanto, são necessários esforços para adoção de tecnologias capazes de manter a criação de bovinos de forma sustentável nos campos sulinos, de forma que se preservem as condições naturais da paisagem, incluindo a presença do homem, o responsável por manter a relação histórica da pecuária bovina com o bioma Pampa |