O agronegócio enquanto classe social e sua relação estrutural com o Estado brasileiro

Abstract

A difusão de um discurso produtivista e pró-agronegócio, contudo, não deve ser vista fora de sua base material, ou seja, dissociada da função que tal discurso tem ao justificar medidas tomadas por uma determinada classe produtiva. Tendo isso em vista, é correto afirmar que o apoio hegemônico às táticas do agronegócio no campo brasileiro deriva de uma necessidade de tal grupo -nesse trabalho entendido como classe social coesa e com interesses específicos- de garantir seu papel influenciador na política nacional. Tendo isso esclarecido, cabe salientar agora que o objetivo deste estudo será postular como ocorre e quais as especificidades da relação de dependência estrutural do Estado brasileiro junto ao agronegócio, ou mais precisamente da agricultura mecanizada capitalista.No primeiro capítulo será discutido o processo de constituição de classes sociais, encarado principalmente de acordo com duas perspectivas, uma de caráter hierarquizante e weberiano, representada aqui pelo trabalho de Erik Olin Wright, e a segunda uma perspectiva historicista, representada por Thompson. No segundo, a discussão progride para estudar, com uma retrospectiva histórica, a relação de interdependência estrutural da classe agrária brasileira, o agronegócio, com o Estado capitalista brasileiro. No terceiro capítulo, será discutida a natureza da relação do agronegócio constituído enquanto classe com o Estado brasileiro, juntamente com análises empíricas atuais de como ocorre tal relação política entre ambos os agentes.