Resumo: | Introdução: Após a cirurgia bariátrica (CB), alguns pacientes não mantêm o peso
perdido, estabelecendo um processo favorável para o reganho de peso e, consequentemente, o
desbalanço de secreção de adipocinas como adiponectina e leptina. A relação entre a CB e
níveis de leptina e adiponectina já tem sido relatada, contudo há poucos dados na literatura
sobre seus níveis após 24 meses de cirurgia, período em que há maior prevalência de reganho
de peso Este estudo tem como objetivo investigar o efeito do reganho de peso sobre as
concentrações séricas de leptina, adiponectina e perfil glicêmico em indivíduos no
pós-operatório (PO) tardio de CB. Métodos: Participantes do estudo incluíam que realizaram
CB pela técnica BGYR há, no mínimo 5 e, no máximo, 7 anos. Informações antropométricas
e dados sócio-demográficos foram coletados, composição corporal foi aferida. Taxas de
reganho de peso e de sucesso pós-operatório também foram calculadas. Adiponectina,
leptina, insulina e glicemia foram dosadas e foi calculado o HOMA-IR. Resultados: Grupo
constituído de 42 indivíduos, sendo 39 do sexo feminino (92,9%), com idade média de
38,4±7,8. Quanto ao IMC é visto que o sobrepeso predominou no grupo sem reganho
(54,2%), já no grupo com reganho houve maior prevalência de sobrepeso e obesidade (33,3%
e 33,3%, respectivamente) (p=0,018). O valor médio do %PEP é menor em indivíduos que
apresentaram reganho (0<0,001), enquanto o percentual de gordura corporal (%GC) está
aumentado no reganho (p=0,006). Tanto a insulina (p=0,003; r= 0,538 e p<0,001), quanto o
HOMA-IR (p=0,002; r= 0,583 e p<0,001) apresentaram valores aumentados com o reganho
de peso e se correlacionaram com reganho. Discussão/Conclusão: Não foi verificado neste
estudo associação estatisticamente significante do tempo de PO com reganho, contudo
diversos estudos sugerem associação. Leptina e adiponectina não apresentaram associação
significativa com reganho como também não houve correlação significativa com reganho e
%GC. A insulina e o HOMA-IR se correlacionaram positivamente com reganho e %GC.A
relação entre a inflamação crônica e resistência à insulina é bidirecional, podemos sugerir que
os indivíduos com reganho de peso estudados podem estar em uma situação de volta a
apresentar resposta inflamatória, o que pode desencadear em recidiva de comorbidades que
antes entraram em recessão. A relação entre o perfil de adipocinas e o perfil glicêmico com o
reganho em indivíduos no PO tardio de CB é uma área promissora para investigação,
justificando o prosseguimento de estudos com tamanho amostral compatível com a realização
de análises estatísticas mais robustas. |