Modelagem de áreas suscetíveis à transmissão e a dinâmica da Leishmaniose visceral no Distrito Federal, Brasil

Abstract

Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose parasitária negligenciada que está se espalhando rapidamente em áreas urbanas, principalmente devido a fatores socioambientais. O objetivo deste estudo foi identificar áreas com risco de transmissão da doença no Distrito Federal, caracterizando também as condições ambientais e socioeconômicas adequadas às ocorrências. Métodos: Um banco de dados com 1641 casos mistos da doença de humanos e canídeos, assim como dados de amostragens dos vetores, foi coletado de 2014 a 2017. Mapas temáticos do modelo de distribuição espaço-temporal foram produzidos usando a abordagem de modelagem de nicho ecológico Maxent. O modelo utilizou 24 variáveis ambientais e duas socioeconômicas, um dado epidemiológico (razão de proporção de incidência) e um índice de vulnerabilidade socioeconômica, confeccionado para essa análise. Resultados: Nossa estimativa sugere que 53% da população do Distrito Federal reside em áreas com alta suscetibilidade de transmissão da LV. De acordo com o mapa de risco de transmissão da doença, as áreas mais suscetíveis são: Fercal, Lago Norte, Lago Sul, Jardim Botânico, Sobradinho I, Sobradinho II, e Taguatinga. Curiosamente, as três variáveis que mais influenciaram do modelo foram a densidade populacional humana (41,9%), uso e ocupação da terra (25,2%), e o índice de proporção de incidência (VLIP, 11,7%). Conclusão: A identificação de áreas suscetíveis à transmissão de doenças, por meio da modelagem da distribuição potencial, é crucial para o entendimento da dinâmica da LV e na orientação para a implementação de estratégias efetivas de vigilância e controle.