Características clínicas, função renal e desfecho de pacientes admitidos em pronto socorro

Abstract

Introdução: Pronto socorro (PS) local destinado a prestar assistência a doentes que necessitam de atendimento imediato e cujos agravos à saúde podem ser muito lesivos, como o acometimento do trato genito-urinário. Objetivo: Identificar características clínicas, função renal e desfecho de pacientes admitidos em pronto socorro. Método: Estudo quantitativo observacional longitudinal prospectivo. A pesquisa foi realizada em duas unidades do pronto socorro de hospitais da rede pública de saúde do Distrito Federal, com amostra de 109 pacientes. Foram incluídos os pacientes com idade acima de 18 anos, admitidos com taxa de filtração glomerular ≥ a 60 mL/min/1.73m2 e excluídos aqueles com história de transplante renal, cirurgia renal ou diagnóstico de doença renal crônica em procedimento dialítico. Cada paciente foi acompanhado por um período de 15 dias, a partir do dia da admissão no PS, a coleta de dados foi realizada entre setembro de 2017 e março de 2018 e se deu por um questionário estruturado que extraiu aspectos demográficos e clínicos dos registros do prontuário eletrônico de cada paciente. Os dados foram tabulados em planilha de Excel e analisados com o pacote estatístico SPSS versão 23, considerando-se significativos os resultados com p≤0,05. Resultados: 70 pacientes (64,2%) eram do sexo masculino e 39 (35,8%) do sexo feminino, com idade média de 51±18 anos, IMC de 25,1±4,8 kg/m2, Clearance de creatinina de admissão de 94±24 mL/min, e procedência variada. Quanto à distribuição de raça, a amostra foi predominantemente branca (n=56; 51,4%), com 33 (30,3%) pardos, 19 (17,4%) pretos e 1 (0,9%) indígena. As comorbidades mais frequentes foram hipertensão arterial 37 (33,9%) e etilismo 20 (18,3%). Os diagnósticos mais frequentes foram o acidente vascular cerebral 25 (22,9%) e trauma 39 (35,8%), destacando-se o traumatismo crânio encefálico 31 (28,4%). O valor médio de potássio sérico foi 4,0±0,5 mEq/L e a frequência cardíaca média foi de 85±12 bpm. Os valores de pressão sistólica e diastólica alteradas, foram identificadas em 99 (90,8%) e 95 (87,2%) dos pacientes, respectivamente. 23 (21,1%) pacientes evoluíram com lesão renal aguda, houve persistência desse quadro em 17 (15,6%), configurando o quadro de doença renal aguda e 14 (12,8%) evoluíram com doença renal crônica. 95 (87,2%) necessitaram de antibiótico e um número expressivo de drogas vasoativas 80 (73,4%), sendo as mais usadas noradrenalina 67 (61,5%) e nitroprussiato de sódio 18 (16,5%). 91 (83,5%) pacientes necessitaram de oxigenoterapia, sendo a ventilação mecânica, a mais usada 69 (63,3%). A disfunção renal esteve mais presente entre homens, pessoas com idade média de 51 anos e IMC médio de 24,7kg/m2. A maioria dos não sobreviventes apresentou disfunção renal 11 (61,1%), idade mais avançada 56 (41-66) anos e tendência ao sobrepeso 25,1 (22,0 – 27,7) kg/m2. Conclusão: Os pacientes admitidos no PS foram caracterizados como homens adultos e miscigenados, portadores de doenças crônicas não transmissíveis. Clinicamente instáveis e graves, com diagnósticos de patologias cardiovasculares e traumáticas e tempo de internação prolongado. Durante a internação, a disfunção renal além de presente em quase metade dos pacientes, evoluiu para estágios de maior gravidade e mostrou correlação com o sexo masculino, assim como o desfecho óbito foi mais prevalente em pacientes com disfunção renal, idade avançada e com tendência ao sobrepeso.