Resumo: | O objetivo desse trabalho é analisar, a partir do Discurso sobre a Desigualdade [1755], o papel da propriedade como na constituição do interesse público no Contrato Social [1762]. Para tanto, dividimos nosso texto em três momentos. No primeiro, procuramos reconstruir as condições reais da instituição do corpo político, de acordo com o Segundo Discurso, a saber, o estado de guerra generalizado, acentuando como a criação das leis e de uma força capaz de fazer com que elas sejam obedecidas nesse momento faz com que a lei funcione como perpetuação da dominação de um grupo social, os ricos, sobre outro, os pobres, ao deixar intacta a distribuição de propriedades. No segundo período do texto, nosso objetivo foi o de expor como Rousseau constrói, teoricamente, a noção de uma vontade orgânica do corpo político voltada para o interesse comum, a partir da "alienação total" de cada particular à comunidade toda, da qual faz parte. Apontamos, ainda nesse momento, uma possível realização empírica dessa alienação na formação de cidadãos no verbete Economia Moral e Política, tendo em vista apresentar como se dá, nessa obra, a relação entre vontade geral e vontade particular. Por fim, procuramos apresentar algumas evidências textuais, nas três obras supracitadas, de que a propriedade, na alienação total do Contrato Social, deve figurar de modo diferente do que na instituição do corpo político no Discurso sobre a Desigualdade, apontando sua constituição como a possibilidade de controle, seja de um particular sobre outro, seja da comunidade sobre todos. |