Resumo: | O presente artigo tem como proposta realizar um exercício de análise historiográfica sobre
o cangaço na seara da filmografia, precisamente sobre sua representação no filme “O
Cangaceiro”, de Lima Barreto, datado de 1953 e marco na historiografia do cinema brasileiro
sobre esse gênero cinematográfico. Para concretizar essa intenção, foram realizadas uma pesquisa
bibliográfica e uma análise do filme em foco. A base conceitual e de conteúdo sobre o cangaço
buscou lastro nos ensinamentos de autores como Rui Facó (1963), Maria Isaura de Queiroz
(1986), Eric Hobsbawm (1976), Bernardo Pericás (2010) e Billy Chandler (1981). Sobre o
cinema como objeto de estudo e fonte histórica ancorou-se, principalmente, nos postulados de
Marc Ferro (1975), Robert Rosenstone (2015) e de Marcos Napolitano (2008). Valeu-se, também,
das reflexões de Cornelius Castoriadis (1986) sobre representação - o real, significante, e suas
relações com os seus significados, representações, significações. Conclui-se que, apesar de
algumas licenças poéticas que saltam aos olhos, como o cenário de far west para representar o
sertão nordestino e empregadas junto aos cangaceiros, Victor Lima Barreto, produtor e roteirista,
produziu uma obra que mostrou de forma aproximada a realidade de como o cangaço tratava os
seus opositores e, principalmente, como a hierarquia estava construída no sertão nordestino. |