Resumo: | O diabetes mellitus (DM) é uma disfunção metabólica crônica caracterizada por elevadas concentrações de glicose no sangue, ocasionadas por deficiência de insulina, associada ou não a resistência à insulina. O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se inicia durante a gestação, sem ter previamente preenchido os critérios diagnósticos de DM. O DMG traz riscos tanto para a mãe quanto para o feto e o neonato, sendo geralmente diagnosticado no segundo ou terceiro trimestres da gestação. Pode ser transitório ou persistir após o parto, caracterizando-se como importante fator de risco independente para desenvolvimento futuro de DM tipo 2. A prevalência varia de 1 a 14% a depender da população estudada e do critério diagnóstico adotado. Para o tratamento, inicialmente, deve-se dar preferência ao consumo de alimentos que contenham carboidratos com baixo índice glicêmico. Após 2 semanas de dieta, se os níveis glicêmicos permanecerem elevados (jejum ≥ 95 mg/dL e 1 hora pós-prandial ≥ 140 mg/dL ou 2 horas pós-prandiais ≥ 120 mg/dL) (American Diabetes ASSOCIATION, 2000) o tratamento com insulina deve ser iniciado. Os análogos de insulina apresentam características farmacocinéticas que, em relação às insulinas humanas, assemelham-se mais ao ritmo fisiológico de secreção de insulina e estão associados a um menor risco de hipoglicemia, podendo proporcionar um melhor controle glicêmico (ALFADHLI,E. 2015).
As insulinas lispro, aspart e detemir são aprovadas para uso na gravidez. A insulina glargina não é aprovada durante a gravidez, mas os estudos existentes não mostraram nenhum efeito deletério. Quanto aos anti-hiperglicemiantes orais; a glibenclamida e a metformina parecem ser seguras e eficazes na gravidez (ALFADHLI,E. 2015). O objetivo geral deste estudo foi revisar
a literatura sobre a segurança do uso de análogos de insulina de ação curta e longa durante a gravidez a partir de dados originados em publicações de periódicos nacionais e internacionais dos últimos 10 anos envolvendo pacientes com DM pré-gestacional e DMG. Foram selecionados 8 estudos. Em todos eles, foram descritos eventos hipoglicêmicos, significativos ou não. A insulina NPH causou mais eventos hipoglicêmicos do que os análogos de insulina analisados. Episódios hipoglicêmicos neonatais foram significativamente menos frequentes com o uso de NPL em comparação com insulina NPH, em mulheres com DMG. O uso de NPL associou-se a maior taxa de macrossomia quando comparada ao uso de NPH em mulheres com DMG. Entretanto, apenas em 1 estudo o aumento da taxa de macrossomia foi significativo. O peso alto ao nascer foi menor no grupo tratado com insulina detemir do que no grupo tratado com glibenclamida. Somente em 1 estudo o peso ao nascer foi significativo. O índice ponderal neonatal excessivo foi significativamente maior com o uso de insulina NPH do que com NPL. Houve menor taxa de neonatos com crescimento desproporcional no grupo tratado com NPL do que no grupo tratado com NPH. As taxas de cesárea foram menores no grupo NPL do que no grupo NPH em mulheres com DMG ou DM1, apenas nesse estudo as taxas de cesárea foram significativas. As taxas de icterícia não foram significativas. As taxas de desconforto respiratório não foram significativas. |