Resumo: | Kant, na sua filosofia crítica, parte do idealismo cartesiano e do empirismo inglês
para desenvolver uma análise crítica dos mecanismos do conhecimento com a finalidade de
verificar a sua legitimidade, bem como os limites do conhecimento teórico. Neste campo de
investigação sobre o conhecer, várias questões apresentam-se como objeto de análise e reflexão
como é o caso de saber os modos de conhecer, se o conhecimento é um ato de razão, o papel da
intuição, diferenças entre intuição e conhecimento discursivo, a certeza do conhecimento, a
verdade do conhecimento, entre tantas outras. De acordo com o racionalismo vigente à época de
Kant, todo conhecimento a partir dos sentidos e da experiência é ilusão e a verdade existe a partir
do conhecimento e da razão pura. Kant, contudo, se opõe a tal concepção e vai defender um
racionalismo crítico ou formal. Para ele, todo conhecimento das coisas por meio do entendimento
puro ou da razão pura é que é mera ilusão ou aparência, pois o conhecimento, embora dependa
também da razão, começa com a experiência e é nesta que está a verdade. De acordo com tal
concepção kantiana, os objetos dos sentidos não existem independentemente ou antes da
experiência, portanto, só existem na experiência. Todavia, Kant mostrou que apesar de o
conhecimento se fundamentar na experiência, esta recebe o influxo das formas a priori da
sensibilidade e do entendimento, características da cognição humana. Ainda tendo a experiência
como pano de fundo do conhecimento, entende (B 195) que para um conhecimento ter realidade
objetiva, isto é, se refira a um objeto e nele encontre sentido e significado, deverá o objeto poder
ser dado de qualquer maneira. Sem isto, os conceitos seriam vazios e, acrescenta ele, que a
possibilidade da experiência é o que confere realidade objetiva a todos os nossos conhecimentos
a priori (A 156). Ver-se-á, neste breve e simples trabalho monográfico, que Kant defende a
existência de três tipos de juízos, ou seja, juízo sintético a posteriori, juízos sintéticos a priori e
os juízos analíticos. Destaca que não interessa à ciência este último visto que apesar de dotados
de universalidade e de necessidade, não oferecem nenhum incremento ao desenvolvimento da
ciência. De igual maneira não têm importância para a ciência os juízos sintéticos a posteriori por
não serem universais e necessários, ou seja, são apenas contingentes e particulares. Será visto,
então, que para ele importante para a ciência são os juízos sintéticos a priori, pois além das
características da universalidade e da necessidade, fazem progredir o conhecimento. Será focada
atenção também neste ponto porque segundo o empirismo moderno não existem os juízos
sintéticos a priori ou simplesmente a ciência não precisa deles. Será analisada a distinção entre os
juízos analíticos e sintéticos de origem kantiana, bem como a posição quineana que nega tal
distinção. Essa teoria terá longa herança filosófica, servindo de norte aos empiristas lógicos até,
por fim, ser criticada por Carnap e por Quine que foi aluno de Carnap. O objetivo deste trabalho é
traçar brevemente a histórica conceitual desse problema central para a teoria do conhecimento. |