Resumo: | A exclusão e a marginalização das pessoas no que concerne à possibilidade de adquirir um bem ou dispor de determinado serviço salta aos olhos em qualquer região, cidade e até mesmo entre países, sobretudo quando analisados comparativamente. Diante dessa limitação distributiva, esses grupos de indivíduos são estigmatizados aos olhos daqueles privilegiados por um leque de oportunidades como incapazes e, muitas vezes, como responsáveis pela precarização das suas próprias condições de vida. Restam aos grupos excluídos se organizarem e agirem por si, seja como for, para terem os seus problemas resolvidos. Nesse sentido, se faz pertinente ensaiar a economia solidária como exemplo de arranjo alternativo de reordenar amplamente a sociedade, valorizando a lógica cooperativa como regra para a humanização e democratização das relações sociais e de trabalho. Com esse objetivo, este trabalho foi divido em três capítulos. O primeiro consiste em mostrar o porquê de estarmos vivendo uma era de empresarização dos indivíduos e do próprio Estado, que é profundamente marcada por uma lógica de concorrência exacerbada aderente a todas as esferas de vida dos indivíduos, o que provoca a formação de sujeitos neoliberais, os “neossujeitos”. Nesta parte do trabalho, busca-se evidenciar que as relações sociais e o próprio Estado, à medida que são cada vez mais expostos à concorrência, despojam-se de qualquer princípio de igualdade social, levando a um caminho “ademocrático” da sociedade. O segundo capítulo tem por finalidade mostrar a relevância da cooperação como “contracondutra”, à ofensiva neoliberal. O terceiro e último capítulo consiste na verificação empírica das relações cooperativas funcionando como bases reorganizadoras de um modo produtivo alternativo à produção capitalista, ainda que coexistindo com ela, a partir da economia solidária inserida no contexto brasileiro. Aqui, os escritos procuram definir essas novas iniciativas econômicas, bem como explicitar a conjuntura em que surgiram e as suas principais características. Ademais, são tratadas também as suas limitações e algumas possibilidades de medidas públicas que possam ampliar e fortalecer as práticas solidárias e cooperativas como esteio das relações econômicas e sociais. Por fim, há ainda algumas considerações finais, que buscam concatenar resumidamente as principais ideias e os argumentos expostos neste trabalho de conclusão de curso de graduação. |