Resumo: | Os elevados índices de consumo de aparelhos celulares apontam para um colapso ambiental decorrente dos inúmeros descartes indevidos que ocorrem no Brasil e no mundo. Nesse processo, a obsolescência programada figura como uma ferramenta catalisadora que reduz os tempos de vida útil desses produtos, culminando no aumento exponencial da quantidade de resíduos eletroeletrônicos gerados. Faz-se necessário, então, compreender os impactos gerados pela obsolescência programada e/ou percebida no descarte de celulares, identificando os motivos da obsolescência e as principais destinações dos aparelhos descartados pelos consumidores. Diante desse cenário, a Logística Reversa e a Política Nacional de Resíduos Sólidos emergem como possíveis soluções que atuam em conjunto na redução dos impactos gerados por esse processo. Entretanto, a simples existência de tais soluções não garante os resultados almejados, sendo necessário o comprometimento de todos os atores envolvidos, sejam esses públicos, privados ou individuais. Buscou-se, portanto, verificar o nível de consciência dos consumidores quanto a descarte dos aparelhos celulares segundo a Lei 12.305/10 e avaliar as redes de logística reversa implementadas pelas operadoras de telefonia móvel no Brasil. Realizou-se uma pesquisa aplicada, descritiva e quali-quantitativa, cujo procedimento técnico foi o survey. A coleta de dados pautou-se na aplicação de um questionário aos consumidores de aparelhos celulares que já efetuaram, ao menos, uma troca, além de um codificador adaptado para a análise dos websites das quatro principais operadoras de celular no Brasil. Obteve-se um retorno de 602 respondentes, cujos dados foram analisados pela estatística descritiva. Os resultados obtidos demonstram que as motivações relacionadas às trocas dos celulares se devem aos indícios de mau funcionamento ou exaustão completa do produto, levando os consumidores a guardarem, doarem ou venderem o aparelho antigo. Constatou-se também que apenas uma pequena fatia dos respondentes possuía pleno conhecimento sobre os princípios e diretrizes da PNRS. Por fim, a avaliação e o mapeamento das operadoras de telefonia móvel no que diz respeito à logística reversa apresentaram resultados considerados insatisfatórios, tanto sob a ótica do consumidor quanto pelo levantamento realizado em seus websites. A participação de todos os atores, sobretudo das gestoras de REEE que estão surgindo no mercado, é fundamental para que a realidade identificada por esse estudo caminhe rumo a um pensamento mais sustentável e ecologicamente correto. |