Resumo: | As inúmeras mudanças econômicas, políticas, culturais e sociais ocorridas nos últimos anos, que foram impactadas principalmente pela globalização, impactaram a gestão empresarial. Dentre estas mudanças percebem-se as modificações da gestão de pessoas e do comportamento dos funcionários. Este aspecto se agravou no serviço público que perdeu sua credibilidade perante a sociedade nos últimos anos. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo testar, empiricamente, a relação entre o bem-estar laboral e o comprometimento organizacional, utilizando como local de estudo o Tribunal de Contas da União, Sede. Cabe ressaltar, que a escolha deste tribunal para a análise, deu-se após as mudanças estratégicas sofridas pelo órgão que, dentre elas, tinha o objetivo de melhorar as condições dos servidores visando aumentar o nível de bem-estar e comprometimento com o TCU. Assim, foi adotada a metodologia de survey ou levantamento, com a aplicação de questionários, caracterizada como um estudo empírico, quantitativo e transversal. Para avaliar o bem-estar, foram utilizadas as dimensões hedônicas e eudaimonicas, isto é, a análise do afeto positivo, afeto negativo e da realização. As bases do comprometimento avaliadas foram do comprometimento afetivo, instrumental e normativo. Para atingir o objetivo do trabalho, foram realizadas, inicialmente, análises sobre o bem-estar e o comprometimento separadamente, com o intuito de compreender essas variáveis. Os resultados obtidos mostram que os servidores do tribunal apresentam um nível de bem-estar satisfatório caracterizado pela predominância do afeto positivo e realização. Inclusive, o baixo índice de afeto negativo encontrado corrobora com o resultado anterior. Quanto ao comprometimento, percebeu-se a existência, no tribunal, das bases: afetiva e normativa, sem, no entanto, a presença significativa do comprometimento instrumental. Com a análise de correlação e regressão múltipla, percebeu-se que existe, sim, uma relação de predição do bem-estar sobre o comprometimento. Contudo, os resultados mostram que esta relação só existe, em relação à dimensão do bem-estar como afeto positivo e a realização sobre o comprometimento afetivo e normativo. O afeto negativo parece não influenciar nenhum fator do comprometimento, bem como, deduz-se que o comprometimento instrumental não sofre influência do bem-estar. O presente trabalho reafirma, assim, o pressuposto teórico de que um maior bem-estar pode causar maior comprometimento afetivo. Destaca-se, ainda, a relação do bem-estar com o comprometimento normativo, que até então é nova na literatura, possibilitando, deste modo, uma ampliação da compreensão e novas pesquisas com este tema. |