Resumo: | Meu objetivo neste trabalho é pesquisar este modo de ser – ou seria um modo de ver? – que intuo em mim, que parece arrebatar a existência e o fazer de tantos outros artistas que vivificam imagens.
Acho que tudo o que rabisquei, todos os espaços em branco que preenchi com minhas linhas me trouxeram até aqui, até esta interrogação. Até essa fina, desesperadora, mas derradeira sensação de que uma espécie de pensamento visual é justamente o que me levou até o desenho; depois, até ao bacharelado em Artes Plásticas e, finalmente, até o teatro. É, talvez, o que me leva até o mundo e me traz de volta pra mim sempre.
Este é um momento decisivo, em que, mais claro do que jamais esteve, vislumbro uma possível resposta para o que me pergunto desde que me engajei na prática teatral: como converter as minhas práticas e vivências, até então paralelas, nas artes visuais e no teatro em um só caminho? Como articular não mais a ideia horizontal de ponte, que liga dois espaços diferentes e justapostos de uma geografia; mas, sim, uma ideia vertical de escada – ou elevador, para ser mais tecnológico –, que liga dois pontos sobrepostos, constituintes de uma estrutura familiar aos dois – ou aos três, ou quatro... dependendo de quanto mais escada se continue a subir. Este é o território mestiço, híbrido. É a baleia que rompe a superfície do oceano.
Este trabalho pretende ser a tão procurada escada que sobrepõe o artista visual e o artista cênico em mim. Este pensamento visual cola estes dois artistas de mim proclamando sua simbiose com um nó apertado. |