Resumo: | O presente trabalho buscou compreender o processo de apropriação do samba pela propaganda ideológica varguista no intuito da construção de uma identidade nacional brasileira, pautada em valores como ufanismo, trabalhismo e miscigenação. Utilizou-se o método monográfico, por meio de levantamento bibliográfico, para as análises desse projeto, que foi estruturado na transdisciplinariedade dos campos música, história e comunicação. Nesse processo, o forte aparato comunicacional do Estado, capitaneado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP, foi crucial na propagação dos ideais do governo, utilizando-se de mecanismos de fomento do rádio e do gênero musical, censura e produção de programas como a “Hora do Brasil”. A fim de adequar o samba no projeto de governo de Getúlio Vargas, foi necessária uma adaptação do gênero, causando um embranquecimento, por meio da invisibilidade de características do ritmo oriundas da cultura negra. O projeto de construção de uma identidade nacional forte, calcada no ufanismo, trabalhismo e miscigenação, articulado por meio das estratégias de comunicação, teve um forte impacto na formulação do “ser brasileiro”, com traços marcantes na cultura brasileira até a atualidade. Nesse sentido, esse trabalho procura trazer uma análise das estratégias de comunicação da Era Vargas à luz das Teorias da Comunicação. Entende-se que o processo estudado se deu por meio de negociações que, mesmo impostas pelo Estado, foram articuladas de forma que todas as partes envolvidas, como governo, artistas e meios de comunicação se beneficiassem. |