Referência: | NICÁCIO, Mariana Fehr. Relação entre o grau de lesão cardíaca e níveis de expressões gênicas, expressões proteicas e ácidos graxos. 2015. xiv, 50 f., il. Monografia (Bacharelado em Estatística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015. |
Resumo: | Neste trabalho foram avaliadas as relações de expressões gênicas, expressões
proteicas e ácidos graxos com o escore de Friesinger. Com a finalidade de identificar potenciais biomarcadores de aterosclerose. Avaliou-se treze genes, quatro proteínas e dez ácidos graxos, bem com a relação entre o escore de Friesinger e Framingham e os fatores clássicos de risco. O Brasil está entre os 10 países com maiores taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCVs) no mundo. Representam coletivamente a principal causa de morte no Brasil. As DCVs constituem uma das principais causas de permanência hospitalar e são responsáveis pela principal alocação de recursos públicos. A maior parte das DCVs é causada pela aterosclerose, doença caracterizada pelo acúmulo de placas
de gorduras nas artérias ao longo dos anos. Quando há obstrução das artérias, ocorre isquemia, ou seja, morte celular devido à diminuição do suprimento de oxigênio necessário. O Infarto agudo do miocárdio (IAM) é a doença isquêmica do coração mais comum.
Acredita-se que a aterosclerose, e as DCVs de modo geral, sejam causadas por interações entre fatores genéticos, ambientais, demográficos e/ou comportamentais. Fatores de risco amplamente estabelecidos na literatura incluem sexo masculino, idade avançada, hipertensão, diabetes, obesidade, dislipidemia, sedentarismo, tabagismo e histórico familiar. O estudo de marcadores da presença e severidade da aterosclerose é de importância indiscutível. A identificação de biomarcadores menos invasivos e de fácil execução é fundamental para o aprimoramento na conduta clínica, inclusive na detecção de subgrupos de pacientes
com aterosclerose precoce. Muitos estudos vêm sendo desenvolvidos a fim de se identificar genes, proteínas e outros componentes moleculares que possam atuar como marcadores de aterosclerose, possibilitando prever o seu desenvolvimento e até mesmo diferenciar situações clínicas antes indistinguíveis. Muitos genes já foram identificados como fatores de risco, geralmente de efeitos moderados. O estudo da expressão gênica e proteica, a partir dos tecidos periféricos sanguíneos, demonstram ser potenciais ferramentas para a detecção
de marcadores do processo inflamatório e outros indicadores de lesão. A atuação de ácidos graxos para a manutenção de funções cardíacas e sua desregulação em eventos cardíacos isquêmicos é bastante conhecida na literatura. Portanto, expressões gênicas, expressões
proteicas e concentrações de ácidos graxos podem atuar como indicadores de lesão cardíaca. O escore de Framingham apresentou uma correlação moderada porém significante com o escore de Friesinger. Destacou-se como sendo uma das variáveis mais significantes apresentadas nos modelos de regressão. Observou-se correlação moderada de Friesinger
positiva com os genes ALOX15, MYL4, COX7B, BCL2A1, IL18R1 e MMP9 e com o ácido
Gamalinoleico, sendo significante para o modelo de regressão múltipla proposto apenas
o gene ALOX15. Destaca-se o ácido Gamalinoleico em tal estudo pois foi o ácido que
apresentou menor p-valor na correlação. Os demais ácidos não apresentaram associação. As variáveis sexo, IMC e triglicérides não se mostraram significantes. Destaca-se no
modelo linear generalizado as varáveis gene BCL2A1, COX7B, ácido Gamalinoleico, Framingham,
LDL e Idade como sendo significativas para explicar a variabilidade do escore
de Friesinger. Um fator importante que justificaria o ajuste não tão adequado são as 78
observações deletadas por falta de informação. Vários estudos evidenciam a importância
de se conhecer novos marcadores para DCV precoce e marcadores de aterosclerose menos
invasivos. Novos estudos são necessários para elucidar o papel das expressões gênicas,
proteicas e ácidos graxos no desenvolvimento da aterosclerose. |