Estereótipo e Stanislavski na construção da personagem Carla em 3x4 (2015)

Abstract

O presente trabalho é um estudo do surgimento e da definição do termo estereótipo, assim como a sua utilização nas artes cênicas, relacionando-o com três elementos do sistema Stanislavski (se mágico, ações e superobjetivo). Visa dar credibilidade ao uso do sistema contíguo ao estereótipo tendo como exemplo a construção da personagem Carla no espetáculo 3x4 (2015). Antes de partir para a construção prática da personagem Carla busco compreender melhor o que é estereótipo e como ele é compreendido nas artes cênicas. Primeiramente discorro sobre a origem e a definição do termo estereótipo e posteriormente sobre o uso dele na Commedia dell’Arte. Pondero também as considerações da diretora, professora e escritora teatral Anne Bogart sobre o uso consciente e construtivo dos clichês e do estereótipo. Após realizar uma pesquisa de campo, na W3 Norte, aplico quatro elementos, pertencentes ao estereótipo que eu tinha de prostitutas, juntamente com três elementos do sistema Stanislavski para a construção da personagem Carla. Finalmente, compreendo que o estereótipo contíguo ao sistema Stanislavski pode ser um grande aliado na construção de um personagem. Na medida em que o ator não tenha contato com o universo do personagem o estereótipo serve como um rápido impulso criativo inicial. A partir do momento que o estereótipo estimula a imaginação e consequentemente gera ações ele possibilita abertura para o uso concomitante com o sistema Stanislavskiano. O sistema aplicado simultaneamente com o estereótipo contribui para que as ações sejam bem definidas e coerentes de modo que contribuam para o superobjetivo da personagem. Por fim auxilia a tirar o estereótipo do lugar-comum e mecânico, porque traz um toque mais pessoal na construção da personagem.